Por muito tempo, o Acre conviveu com um rótulo injusto: o de uma economia excessivamente dependente do contracheque público e de atividades primárias de baixo valor agregado. Essa narrativa, repetida por décadas, ignorava o potencial produtivo do Estado e desconsiderava a capacidade de seus empresários, produtores e trabalhadores. Em 2025, essa história começou a ficar definitivamente para trás.
Não se trata de otimismo retórico ou discurso institucional. Os números, os investimentos anunciados e, sobretudo, o movimento concreto do setor produtivo mostram que a indústria acreana viveu, em 2025, o seu momento mais vigoroso de consolidação.
Nos últimos seis anos, o Acre passou por uma transformação silenciosa, porém consistente. A base produtiva se diversificou, o ambiente de negócios amadureceu e o Estado passou a oferecer condições reais para quem deseja produzir, investir e gerar empregos. Esse processo foi construído com diálogo, planejamento e políticas públicas claras, conduzidas pelo governo do Estado do Acre, a partir da gestão Gladson Camelí, que atua em parceria com as instituições empresariais como a Federação das Indústrias do Estado do Acre, sindicatos industriais e outras.
O primeiro sinal dessa virada foi o fortalecimento do agro como base para a industrialização. O Acre introduziu sua produção agrícola para além das culturas tradicionais, avançando com força em soja, milho, café e frutas. Ao mesmo tempo, o setor florestal madeireiro foi reorganizado, recuperou competitividade e voltou a exportar. Esses movimentos garantiram matéria-prima, escala e previsibilidade para a indústria de transformação.
Na pecuária, o reconhecimento internacional do Acre como área livre de febre aftosa sem vacinação representou um divisor de águas. Esse selo de confiança abriu mercados, atraiu olhares internacionais e impulsionou diretamente a indústria de processamento de proteína animal. Frigoríficos e agroindústrias passaram a investir, ampliar plantas e se preparar para atender novos destinos.
Outro fator decisivo foi a integração internacional. A aproximação comercial e logística com o Peru e a abertura de rotas em direção ao Pacífico deixaram de ser promessa para se tornar realidade. O Acre finalmente conquistou algo que se buscava há mais de 30 anos: ter o país vizinho como seu principal parceiro de negócios. Atualmente, o Estado exporta para mais de 40 países, e pelo segundo ano consecutivo irá superar a marca de 95 milhões de dólares em exportações.
Esse movimento não ocorreu à margem da economia nacional. Pelo contrário. Os indicadores mostram que o Acre vem se destacando no cenário brasileiro. O crescimento do PIB acima de 14% na última mensuração, colocando o Estado como o que mais cresceu entre todas as unidades da federação, é reflexo direto desse novo ciclo produtivo.
Mas, talvez, o dado mais revelador de 2025 esteja nos investimentos predominantemente privados. A indústria acreana anunciou aproximadamente R$ 355 milhões em novos aportes, aplicados nos segmentos industriais de proteína animal, processamento de café, açaí e outras frutas, além de outros segmentos industriais, como insumos para a construção civil e setor químico. Esses investimentos não são discursos: são recursos reais, empregos projetados e confiança no futuro.
Esse ambiente favorável foi reforçado por uma política industrial ativa, conduzida pelo Governo do Estado do Acre, coordenado pela Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia por meio da Copiai, Comissão da Política de Incentivo às Atividades Industriais. Incentivos fiscais robustos, com redução de até 95% do ICMS, e a concessão de terrenos industriais deram segurança e previsibilidade aos empresários. Somente em 2025, 26 novas áreas foram concedidas para instalação ou regularização de indústrias.
Ao mesmo tempo, políticas voltadas às pequenas indústrias também ganharam protagonismo. O Programa de Compras Governamentais de Incentivo à Indústria (COMPRAC) movimentou mais de R$ 28 milhões em compras públicas, fortalecendo a indústria local e garantindo mercado direto, sem atravessadores.
O setor da construção civil completa esse cenário positivo. Programas habitacionais e obras estruturantes com investimentos público-privados, fortalecendo cadeias produtivas, gerando empregos e estimulando a indústria da construção.
O que se observa, portanto, é um ciclo virtuoso: produção no campo, indústria agregando valor, exportações crescendo, investimentos privados se ampliando e políticas públicas criando as condições para que tudo isso aconteça. Não é exagero afirmar que 2025 marcou o ressurgimento e a consolidação da indústria acreana.
E o mais importante: esse não parece ser um ponto fora da curva. As perspectivas para 2026 incluem a consolidação dos investimentos já anunciados, novas plantas industriais em operação, ampliação das exportações e a entrada em funcionamento da ZPE do Acre, que deve elevar ainda mais a competitividade do Estado.
Por tudo isso, 2025 ficará registrado como o ano em que o Acre deixou de apenas falar sobre industrialização e passou a vivê-la, com fatos, números e resultados concretos. E, ao que tudo indica, esse novo capítulo da economia acreana está apenas começando.
Assurbanípal Mesquita é Secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia



