O mercado do boi gordo iniciou a semana repetindo o cenário observado nos últimos dias, marcado por pouca fluidez nas negociações, cautela de frigoríficos e pecuaristas e manutenção das referências de preço. Em São Paulo, a arroba segue negociada ao redor de R$ 325, sem alterações relevantes em relação à semana anterior, refletindo um ambiente de equilíbrio momentâneo entre oferta e demanda.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, o ritmo de negócios nesta segunda-feira (22) foi reduzido, comportamento típico do início da semana e intensificado pelo calendário de festas de fim de ano. De acordo com a analista de mercado Isabela Stevannatto, “a cotação permaneceu firme, com o preço de referência sendo o mesmo da última semana”, indicando que, apesar da lentidão, não há pressão consistente de baixa no curto prazo .

São Paulo e Centro-Oeste: estabilidade predomina no mercado do boi gordo

No estado de São Paulo, principal referência do mercado físico, o cenário é de negociações pontuais e frigoríficos operando com escalas relativamente confortáveis, o que reduz a necessidade de ajustes nos preços. A mesma dinâmica é observada em Mato Grosso do Sul, onde, segundo a Scot, a segunda-feira manteve o padrão de morosidade, sem mudanças nas cotações do boi gordo.

Esse comportamento reflete um mercado que aguarda a retomada mais consistente das negociações apenas em janeiro, quando a normalização do ritmo comercial tende a trazer maior clareza sobre o comportamento da demanda e das escalas industriais.

Atacado sustenta preços, mas com ajustes pontuais

No mercado atacadista de carne bovina com osso, o cenário é de bom ritmo de reposição por parte do varejo, impulsionado pelas vendas típicas da segunda quinzena do mês e pelas festividades. Ainda assim, para a efetivação dos negócios, ocorreram recuos pontuais em alguns cortes, segundo a Scot Consultoria.

A carcaça casada do boi capão manteve estabilidade, cotada a R$ 22,00/kg, enquanto a carcaça do boi inteiro registrou queda de 1,4%, sendo negociada a R$ 21,10/kg. Entre as fêmeas, a carcaça da vaca e da novilha apresentou recuo de 1,2%, com preços em R$ 20,25/kg e R$ 21,15/kg, respectivamente .

Mercado nacional segue acomodado

A leitura de acomodação também é compartilhada por analistas de outras consultorias. De acordo com Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o mercado físico do boi gordo apresenta predominância de preços estáveis neste início de semana. Segundo ele, “tanto frigoríficos quanto pecuaristas atuam de maneira comedida neste momento”, e a tendência é de menor fluidez nos próximos dias, justamente em função das festividades de final de ano .

Os preços médios da arroba nas principais praças apurados pela Safras & Mercado indicam:

• São Paulo: R$ 318,50
• Goiás: R$ 313,11
• Minas Gerais: R$ 308,53
• Mato Grosso do Sul: R$ 310,68
• Mato Grosso: R$ 299,26

Apesar da diferença entre metodologias e referências regionais, o movimento geral aponta para estabilidade e ausência de pressões mais agressivas, tanto de alta quanto de baixa.

Exportações e câmbio seguem no radar

Um fator que continua dando sustentação ao mercado é o bom desempenho das exportações de carne bovina, que seguem em níveis elevados ao longo de dezembro, ajudando a equilibrar o escoamento da produção. Além disso, o câmbio valorizado, com o dólar encerrando o dia cotado próximo de R$ 5,58, mantém a competitividade da carne brasileira no mercado internacional, ainda que o impacto imediato no mercado físico interno seja limitado .

Perspectiva de curto prazo

Para o curto prazo, a expectativa das consultorias é de manutenção do cenário atual, com negócios pontuais, escalas atendendo às necessidades da indústria e preços andando de lado. A retomada mais efetiva das negociações deve ocorrer apenas após o recesso de fim de ano, quando o mercado volta a operar em ritmo normal e novos direcionadores de preço tendem a ganhar força.

Enquanto isso, o boi gordo segue abrindo a semana com “mais do mesmo”, sustentando a referência de R$ 325/@ em São Paulo e confirmando um mercado que, ao menos por enquanto, prefere a cautela à volatilidade.