A véspera de Natal em Rio Branco, no Acre, é marcada pelo desespero para a família de Cristiane Silva de Sousa e Antônio José da Silva Souza. Moradores de uma área de invasão no bairro Habitasa, o casal vive em uma residência improvisada feita de madeira reaproveitada, situada ao lado de um esgoto a céu aberto. Com nove filhos no total, sendo cinco vivendo sob o mesmo teto, a família enfrenta riscos constantes de doenças e animais peçonhentos, agravados pela falta de saneamento básico e pela insegurança alimentar severa.
A crise financeira da família atingiu um ponto crítico nos últimos dois meses, após a suspensão do Bolsa Família, que era o único recurso fixo da casa. Segundo Cristiane, o bloqueio ocorreu devido a pendências burocráticas no cadastro escolar e familiar. Sem o benefício, a rotina foi tomada pela fome; ela relata que o cardápio atual resume-se a arroz, feijão e poucos pedaços de ossos, sendo comum os filhos acordarem pedindo leite ou mingau que os pais, sem condições, não podem oferecer.
Antônio José, que é pedreiro, tenta sustentar a casa através de “bicos”, mas a oferta de trabalho diminuiu drasticamente com o início do período de chuvas no estado. Ele rebate críticas sobre falta de esforço, afirmando que busca diariamente por qualquer oportunidade de serviço, mas o inverno amazônico inviabiliza muitas obras. O desabafo do pai reflete a dor da impotência: “Meu filho chora pedindo leite e eu fico desesperado. Às vezes, eu também choro”, confessa, ressaltando que buscam apenas o básico para uma vida digna.
A história de Cristiane também carrega marcas de um passado difícil. Natural de Curitiba (PR), ela buscou refúgio no Acre em 2004 para fugir de ameaças de morte de um ex-companheiro. Desde então, trabalhou em diversas funções informais, como faxineira e vendedora ambulante, para sustentar a prole. Apesar de problemas crônicos de saúde, como gastrite e dores nos ossos, ela nunca deixou de lutar, mas admite que a atual suspensão do auxílio federal retirou o último suporte que garantia a alimentação das crianças.
Diante do cenário desolador, o projeto social Conexão do Bem lançou uma campanha de arrecadação para garantir que a família tenha o que comer neste fim de ano. O sonho dos pais é simples: uma mesa com frutas, frango assado e um panetone para ver os filhos felizes. Interessados em colaborar com alimentos, móveis, eletrodomésticos ou doações financeiras podem entrar em contato diretamente com os organizadores pelo WhatsApp (68) 9258-8995, que coordena a logística de entrega das doações. Com informações do portal Na Hora da Notícia.




