A primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) começou com um bate-boca entre os integrantes do colegiado.
Tudo começou quando o presidente do colegiado, deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), escolheu o também deputado Ricardo Salles (PL-SP) como o relator da CPI.
Então, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) fez uma questão de ordem dizendo que Salles não poderia ser o relator da comissão, pois ele “tem conflito de interesse”. Segundo a parlamentar, Salles é investigado por extração ilegal de madeira e é financiado pelo empresário Rubens Ometto, presidente da Cosan — empresa produtora de bioetanol, açúcar e energia.
O presidente da comissão rejeitou a questão de ordem da parlamentar, sob o argumento de que ele era de natureza “subjetiva” e de foro íntimo. Em seguida, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) rebateu Sâmia, dizendo que o MST não quer o “bem do Brasil”.
“Trata-se de um grupo desocupado que não tem nem CNPJ”, disse Mauro. Sâmia respondeu ao colega de Parlamento dizendo que ele “responde pelo crime de tortura” e ainda quer falar de “movimento social”. Ambos se exaltaram e outros membros também levantaram a voz. O microfone de todos foi fechado.
Por fim, para tentar amenizar o clima, Zucco fez um discurso destacando que a CPI do MST vai se ater apenas a fatos, provas e requerimentos. “Não queremos revanchismo”, declarou. Salles também ressaltou que “vai trabalhar com o máximo de imparcialidade”.