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O “leite neutro em carbono” e a agenda 2030 para a agricultura

Claro que nem preciso contar que por trás dessa agenda tem um nome bem conhecido, cujas aplicações renderão, com toda certeza, rios de dinheiro para o onipotente investidor da agenda da Organização das Nações Unidas, ONU – Bill Gates.  O que tem de bom aí para nós? Provavelmente nada, e muito embora a abordagem seja “vendida” como sustentável e boa para o planeta, temo que para nós, humanos, não seja assim tão maravilhoso o caminho trilhado.

A agricultura terá que reduzir as emissões climáticas em 5 milhões de toneladas de CO2 até 2030, e diversos programas espalhados pelo mundo começam a implementar a discutível agenda da ONU, que vem ganhando força há alguns anos, principalmente após a pandemia de 2020. Estudiosos acreditam que a agenda de reduzir as emissões pode acabar com o negócio de muitos agricultores e pecuaristas, que não conseguirão sobreviver à redução do rebanho, taxação a quem não cumprir as determinações, e à pressão no uso de aditivos para a redução de emissão de gases. Pois agora as vacas estão sendo acusadas de ser uma das principais fontes de emissões de metano, gás resultante da fermentação que ocorre no rúmen (compartimento do estômago bovino) desses animais.

Há quem diga que a intenção da agenda 2030 nada mais é do que eliminar grande parte dos animais vivos e substituí-los por alternativas patenteadas derivadas das plantas, leveduras, bactérias, fungos e insetos, ou seja, as comidinhas de mentira altamente processadas que Bill gosta

Para contornar o problema da emissão do gás metano pelas pobres vacas, diversos países estão começando a usar aditivos na alimentação desses animais para inibir o gás produzido no arroto das vacas. Um deles é o 3-NOP. Só de olhar esse nome sinto arrepios, pois acrescentar o 3-NOP na alimentação das vacas leiteiras é altamente questionável – além do que, para melhor a eficiência do processo, são adicionados outros aditivos, além do 3-NOP.

O 3-NOP é um composto químico orgânico (não é um produto orgânico, bom para o nosso consumo) cuja fórmula é 3-Nitrooxipropanol. Não quero atormentar ninguém com fórmulas, mas é para que fique bem entendido que se trata de um aditivo químico sintético, não tem nada de natural, e as características do composto são assustadoras. Ele é corrosivo para os olhos, irritante para a pele e potencialmente prejudicial por inalação.

Segundo o Painel da FEEDAP (aditivos e produtos ou substâncias usadas na alimentação de animais), foi observado que a toxicidade do 3-NOP não pode ser descartada e que as lesões pré-cancerosas e os tumores observados no estudo de carcinogenicidade de dois anos, com o 3-NOP, são biologicamente relevantes. E eles concluem – “No entanto, o consumidor não está exposto ao 3-NOP. Por conseguinte, as conclusões acima referidas não são consideradas relevantes para a segurança do consumidor”. Verdade mesmo que não seremos expostos?

Adiante, eles informam: “Os níveis de 3-NOP ou do metabolito primário NOPA (3-NOP oxidado) no leite e nos tecidos comestíveis não foram considerados preocupantes, uma vez que a ingestão pelos consumidores estaria dentro do consumo diário aceitável”.  Embora corrosivo, eles falam em consumo diário aceitável. Ora, isso é ou não leite envenenado?

Nos Estados Unidos, o leite “neutro em carbono” já pode ser encontrado nas prateleiras dos mercados Whole Foods Market, Sprouts, Target e outros. Com uma abordagem de marketing sensacional, se você não prestar muita atenção à informação “carbono neutro”, comprará um leite com resíduos de aditivos que, talvez, você não deseje consumir. E ainda que você veja escrito “carbono neutro” há grandes chances de que não saiba do que se trata. Falando claramente, “leite carbono neutro” é o leite da vaca que consumiu alimento com adição de aditivos cancerígenos para que ela não arrote.

No Brasil há várias empresas investindo na produção de leite carbono zero. Um artigo longo, publicado em outubro de 2023 pela Folha de São Paulo, fala sobre o assunto e aponta o Rio Grande do Sul como “despontando” na produção desse tipo de leite. Embora haja grande discussão sobre o plantio de árvores para “compensar” o gás emitido pelos animais, ainda assim o balanço não fecha e a menção do uso de aditivos não deixa claro que aditivos seriam usados.

Soluções tecnológicas, como sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), recuperação de pastagens degradadas e uso de aditivos na nutrição, são apresentados como meios de obter a descarbonização e o desenvolvimento de uma agropecuária sustentável, supostamente em sintonia com as tendências do mercado e das “demandas do consumidor”. Mas quais demandas? Será que o consumidor quer algo além de um produto sem aditivos, puro e saudável? – e aqui saudável se refere à saúde do consumidor, não à saúde do bolso dos investidores da ONU.

Honestamente, tudo isso parece mais uma agenda sórdida da ONU para forçar os produtores a aderirem aos protocolos de sustentabilidade de produção de leite carbono zero. Caso contrário, os produtos locais perderão competitividade nos mercados internacionais, uma maneira fácil de destruir a agropecuária nacional. E sem ela o país não sobrevive.

Há quem diga que a intenção por trás da agenda 2030 nada mais é do que eliminar grande parte dos animais vivos e substituí-los por alternativas patenteadas derivadas das plantas, leveduras, bactérias, fungos e insetos, ou seja, as comidinhas de mentira altamente processadas que Bill gosta. Assim, as empresas privadas controlarão o fornecimento de alimentos, e os donos das patentes controlarão as pessoas. Será mesmo que temos que controlar o arroto das vacas?

Florence Rei, formada em Química pela Oswaldo Cruz em São Paulo e graduada em Biologia pela Faculdade de Medicina OSEC, é pesquisadora independente nos EUA e escritora.

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