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Queimadas podem afetar imagem do Brasil no mundo, diz presidente da Apex 

O final de agosto foi marcado por um período de clima seco e muitos focos de queimadas espalhados pelo país. Produtores rurais de diversas regiões, especialmente de São Paulo, relatam prejuízos significativos, como é o caso da cana-de-açúcar, com danos que ultrapassam os R$ 500 milhões. E para o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, as queimadas podem afetar a imagem positiva que o Brasil vem construindo no mundo. 

“Eu acho que interferem sim. Mas isso é consequência de períodos desastrosos que nós vivemos”, justifica Viana ao Agro Estadão. O entendimento do chefe da agência de promoção é de que governos anteriores agravaram a reputação do Brasil, mas que é preciso ponderar que o atual governo tem feito medidas para reverter isso, inclusive no combate aos incêndios. 

“Talvez poucos países do mundo estão enfrentando com tanta determinação os problemas, que em parte são consequência das mudanças climáticas, como o Brasil”, afirma. 

Lei antidesmatamento europeia não preocupa

A partir de 2025, países que pretendem vender produtos agropecuários para a Europa deverão seguir as diretrizes previstas na European Union Deforestation-Free Regulation (EUDR) – também chamada de Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento. Essa normativa impede que empresas europeias comprem produtos como carne bovina, café, soja, cacau e madeira de produtores que tenham área desmatada. 

Segundo Viana, uma pesquisa feita pela Apex entre 2021 e 2022 mostrou que “80% da opinião do parlamento europeu sobre os produtos brasileiros era negativa”, além de que mais de 60% da comunidade europeia também tinha uma imagem ruim dos produtos do Brasil. De acordo com ele, essa pesquisa nunca foi divulgada, mas mostra o contexto em que a EUDR foi construída. 

“Veja bem, essa lei foi criada na Europa para responder ao momento trágico que o Brasil estava vivendo. Então, veja, um grande parceiro comercial nosso, consome mais de US$ 50 bilhões por ano chegou e falou: ‘nós vamos exigir porque o Brasil está destruindo tudo’. Mas isso tudo é passado”, ressalta. 

O encarregado da Apex também acredita que a lei europeia não deve trazer prejuízos aos produtores brasileiros que exportam os materiais para o velho continente. Confiante, Viana pontua que a normativa pode acabar sendo adiada com a mudança de comportamento do Brasil. 

“Eu tenho ido na Europa, a Apex tem um escritório em Bruxelas, e hoje, quem era a favor dessa lei agora está contrário. Porque o  Brasil não tem mais essa imagem. O Brasil não está mais ampliando o desmatamento e diante da mudança, eu acredito que a lei, que está sendo adiada, pode seguir sendo adiada a entrada em vigor exatamente porque o Brasil mudou. […] Mesmo que ela fosse executada, o dano seria pequeno hoje para os produtos brasileiros”, diz o presidente da agência. Apesar do otimismo, não há indicativo por parte do parlamento europeu de que as regras sofram um adiamento.

Apex prepara investida em ações de promoção do algodão na Europa

O presidente da ApexBrasil foi um dos participantes da abertura do 14º Congresso Brasileiro de Algodão (CBA) nesta terça, 03, em Fortaleza (CE). Durante o discurso, Viana comentou que a agência de promoção prepara ações de divulgação do algodão brasileiro no continente europeu. 

“Nós vamos começar um programa grande, estamos contratando uma agência da Europa, da imagem do algodão brasileiro. […] Nós vamos fazer, agora com autoridade, e chegar na Europa para dizer: ‘o Brasil é o maior exportador de algodão do mundo e tem o melhor ecossistema de produção de algodão do mundo também’”, anunciou Viana.  

Ao Agro Estadão, o presidente da Apex lembrou que 100% do algodão exportado tem rastreabilidade, porém disse que é preciso reforçar a imagem da pluma do Brasil no mundo. Confira no vídeo abaixo.

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