A agricultura brasileira depende fortemente de insumos importados para a fabricação de fertilizantes. Cerca de 80% dos fertilizantes consumidos no Brasil são de origem estrangeira, com destaque para o potássio, que compõe a mistura NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Atualmente, 95% do potássio utilizado no país é importado, principalmente do Canadá, Rússia, Alemanha, Bielorrússia e Israel.
Para reduzir essa dependência, a Brazil Potash Corp., grupo canadense, planeja instalar uma mina de extração e beneficiamento de potássio em Autazes, município do Amazonas, até meados de 2025. O investimento estimado é de US$ 2,5 bilhões, com uma capacidade de produção de 2,2 milhões de toneladas anuais de cloreto de potássio, suficiente para substituir 20% das importações atuais do Brasil.
A mina subterrânea, com profundidade de 800 metros, terá vida útil estimada de 23 anos e utilizará o rio Madeira como rota de escoamento, especialmente para o Centro-Oeste, principal consumidor de fertilizantes no país. A silvinita, minério rico em potássio, será extraída do subsolo, sendo 30% transformado em cloreto de potássio e o restante em cloreto de sódio.
A instalação do projeto foi autorizada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) em 2024, após anos de impasses legais e ambientais. A mineradora já investiu US$ 230 milhões em pesquisas e está buscando mais US$ 150 milhões em oferta pública de ações na Bolsa de Nova York para viabilizar as próximas etapas.
A previsão é de que as obras gerem cerca de 2,6 mil empregos diretos e que a operação exija aproximadamente 1,3 mil trabalhadores. A empresa espera começar a produção entre 2028 e 2029, contribuindo para a segurança alimentar e a autossuficiência do Brasil no setor de fertilizantes.