Preço do boi gordo deve ter leve correção para baixo, aponta CEO da JBS

A valorização do preço do boi gordo no Brasil, que recentemente atingiu o recorde de R$ 350/@, pode enfrentar uma leve correção nas próximas semanas. Essa previsão foi feita pelo CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024.

Segundo Tomazoni, a alta demanda internacional impulsionou os preços, mas o mercado deve se estabilizar, evitando valores insustentáveis. “O preço do boi caiu ao longo do ano e, agora, subiu muito. Então, eu acho que tem espaço aí para uma pequena correção. Não vejo que vai voltar àqueles preços que estavam lá atrás, porque também não é sustentável”, afirmou o CEO.

Resultados financeiros recordes da JBS

No terceiro trimestre de 2024, a JBS alcançou uma receita líquida de R$ 110 bilhões, um crescimento de 20,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi impulsionado pelo aumento das vendas de carne bovina e pelo fortalecimento de marcas como a Friboi, que se beneficiou da busca por produtos de valor agregado.

  • Margem Ebitda ajustada: 10,8%, quase o dobro do registrado em 2023.
  • Ebitda ajustado: R$ 11,9 bilhões, superando as expectativas de mercado.

Tomazoni destacou que a consolidação da Friboi como uma marca aspiracional foi crucial para os resultados. Além disso, a forte demanda internacional e o crescimento das exportações contribuíram para o desempenho da empresa.

Mercado interno e exportações aquecidas no mercado do boi gordo

De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o mercado pecuário brasileiro está em ritmo acelerado. Os preços do boi, fêmeas e reposição têm registrado altas consecutivas nos últimos meses, sustentados por uma combinação de fatores:

  • Consumo interno: Apesar dos preços elevados, o consumo de carne bovina no Brasil segue firme. Na Grande São Paulo, o preço da carne com osso no atacado atingiu o maior patamar em 3,5 anos, com a carcaça casada de boi valorizada em 7% apenas em novembro, chegando a R$ 23,43/kg.
  • Exportações recordes: O volume exportado em outubro superou recordes anteriores, totalizando 42% a mais em comparação com o mesmo mês de 2023. De janeiro a outubro, o Brasil exportou 2,397 milhões de toneladas, gerando US$ 10,5 bilhões em receita, um aumento de 22,6% em relação ao ano anterior.

Abate em alta e oferta robusta

Dados do IBGE indicam que o abate de bovinos cresceu 14,3% no terceiro trimestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram abatidas 10,33 milhões de cabeças, evidenciando uma oferta robusta, mesmo em meio à seca que afetou pastagens.

Os pecuaristas recorreram a sistemas de confinamento intensivo para manter a produção. Isso resultou em 370 mil animais a mais ofertados no terceiro trimestre, com peso médio elevado.

China lidera as importações

A China permanece como principal destino da carne bovina brasileira, representando metade das exportações de carne in natura e da receita gerada. Nos primeiros dez meses de 2024, os chineses pagaram US$ 4,8 bilhões por 1,086 milhão de toneladas, um volume 12% superior ao mesmo período de 2023.

Outros mercados também apresentaram crescimento, como os Estados Unidos, que dobraram suas importações, e os países árabes, com destaque para os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.

Perspectivas e estabilização

O CEO da JBS acredita que a estabilização dos preços do boi contribuirá para um equilíbrio sustentável na cadeia produtiva. Enquanto isso, o mercado global segue aquecido, com exportações recordes e uma dinâmica interna robusta. Apesar da previsão de leve correção, o setor pecuário brasileiro continua em alta, consolidando sua posição no mercado global.

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