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Artesã do Acre é selecionada para compor catálogo de artesanato internacional

Semente de jarina e de açaí, uma palmeira típica da Amazônia, ganham formatos e cores especiais nas mãos da artesã do Acre, Rodney Paiva Ramos, que ganhou destaque internacional nesta quinta-feira, 21, ao ser selecionada para compor o Guia Homo Faber 2024.

O catálogo, escrito em inglês, tem curadoria da Fundação Michelangelo para a Criatividade e o Artesanato, uma fundação privada, internacional e sem fins lucrativos com sede em Genebra, na Suíça, e faz uma curadoria das melhores e mais criativas práticas sustentáveis de artesanato pelo mundo. Confira o perfil da artesã Rodney Paiva Ramos no Homo Gaber Guide clicando aqui.

“Para mim, quando um artesão é citado, todos ganham. E saber que nosso estado tem mulheres empreendedoras, artesanato de qualidade e eu estou representando esse grupo, foi muito orgulho e gratidão por todo o trabalho feito nesses mais de 20 anos”, disse a artesã.

O Guia tem a trajetória resumida da artesã, que desbravou o caminho das biojoias na Amazônia, uma entrevista que ressalta a sustentabilidade e relevância do trabalho, fotos de algumas das peças produzidas aqui no Acre e os contatos de email e das redes sociais. Clicando nas fotos do Guia, o internauta tem acesso às informações sobre o nome da peça e a matéria-prima utilizada na fabricação das biojoias e objetos de decoração.

Peças da artesã Rodney Paiva Ramos estão disponíveis para acesso e encomenda no site suíco homofaber.com. Foto: Fernando Menezes/Sete

Cores da Mata, uma marca de reconhecimento

Artesã premiada, Rodney Paiva Ramos ficou em 2° lugar, em 2012, no prêmio de Reconhecimento de Excelência da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), na Escola de Arte de Montevidéu, com o colar “Cores da Mata”, que hoje dá nome à marca. Em 2016, ganhou o Prêmio Top 100 Sebrae de Artesanato, o mais sonhado pela artesã e, em 2017, venceu a etapa estadual do Prêmio Mulher de Negócio do Sebrae.

Em 20 anos de atuação no artesanato, Rodney tem participado de muitas capacitações, feiras e eventos no Acre e em outros estados, muitos deles com o apoio da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete) e Sebrae/AC. Em 2024, com apoio da Sete e Sebrae/AC, participou da 24ª Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte), realizada entre os dias 3 e 14 de julho no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, com a participação de mais de 5 mil artesãos: “Esse apoio é importante com a ajuda de custo para nós artesãos”.

Nove artesãos representaram o Acre na 24ª Fenearte. Foto: Cedida

O secretário de Turismo e Empreendedorismo do Acre, Marcelo Messias, destacou a importância de valorizar o artesanato local: “O reconhecimento do artesanato do Acre tem crescido cada vez mais, no âmbito regional, nacional e também internacional. É uma satisfação ver os resultados que temos alcançado, inclusive nas feiras que participamos. Sempre somos reconhecidos e o governo estadual procura incentivar artesãos que produzem peças ricas e cheias de identidade, garantindo renda a muitas famílias e fortalecendo a economia. É importante, para todos nós,  e importantes parceiros como o Sebrae/AC, valorizar esse patrimônio”, disse.

Secretário de Turismo e Empreendedorismo, Marcelo Messias, ressalta a importância da valorização do artesanato acreano. Foto: Neto Lucena/Secom

Alcançando novos espaços e realizando novas conquistas, a artesã Rodney vai participar, pela primeira vez, de um evento internacional. Entre os dias 2 e 8 de dezembro a artesã estará na Expoartesanías, em Bogotá, na Colômbia. A feira de artesanato latino-americana promove a preservação do artesanato tradicional latino-americano. Nessa ocasião, serão exibidos grandes trabalhos de artesãos e as suas criações, que representam as diversas culturas e tradições das diferentes regiões e países.

Quem é Rodney Paiva Ramos

Artesã há 20 anos, Rodney Paiva Ramos iniciou no artesanato em 2004. Natural do estado do Amazonas, após ficar desempregada, encontrou em Rio Branco, capital do Acre, uma oportunidade para desenvolver suas habilidades manuais e empreendedorismo. No início foi confeccionando biojoias, utilizando como matéria-prima apenas sementes. Após participar de uma avaliação das peças pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), não obteve aprovação.

Artesã Rodney Paiva Ramos enfrentou desafios no início, mas buscou se especializar e hoje ensina outras pessoas a produzir peças de artesanato utilizando materiais da floresta. Foto: Fernando Menezes/Sete

No entanto, esse primeiro momento incomum a quem decide montar o próprio negócio, foi motivador. Rodney entendeu suas limitações, mas não se acomodou. Na crise, criou, buscou se reinventar e se aperfeiçoar para participar de novas seleções. Novamente o Sebrae entra na história, agora com os cursos de reaproveitamento de madeira da Amazônia, gestão de negócios e técnicas de vendas. Como resultado, começou a produzir colares, brincos, pulseiras e bolsas com melhor qualidade, técnica e design exclusivo.

Artesã Rodney Paiva Ramos utiliza materiais da floresta para produzir peças em seu ateliê. Foto: Fernando Menezes/Sete

Em 2012, formalizou seu negócio e passou a ser microempreendedora individual (MEI), com vantagens de ter CNPJ, credibilidade, o que aumentou o número de clientes e permitiu a emissão de nota fiscal para os compradores, inclusive por meio de aplicativo. O trabalho da artesã também pode ser acompanhado pelo Instagram Biojoias Cores da Mata.

Artesanato e amor, união que transforma histórias

Mais recentemente, no início da Pandemia da Covid 19, assim como muitos artesãos, passou por momentos difíceis na comercialização dos produtos e, mais uma vez, teve que se reinventar, porque muitos de seus clientes deixaram de ter a compra de biojoias como prioridade.

Observando que, com a necessidade de isolamento, muitos passaram a reformar suas casas e voltar à atenção para objetos de decoração, teve a ideia de um novo produto. Vendo esse potencial mercado, passou a produzir colares decorativos que levam para os lares a vida e as cores da mata, em paredes, mesas, aparadores e portas.

Rodney Paiva Ramos enxergou oportunidade na confecção de adereços de mesa e casa, durante pandemia da Covid19. Foto: Fernando Menezes/Sete

As novas peças somam-se às produções já existentes no portfólio da artesã e são comercializadas em feiras, lojas, WhatsApp e pelo Instagram em todo o Brasil e até em outros países. O esposo, Valdeci da Silva, também faz parte da produção e, juntos, têm no artesanato a renda da família.

Desde a sua origem, a Biojoias Cores da Mata é alinhada com os princípios da sustentabilidade. As madeiras de reaproveitamento vem das marcenarias e as sementes são coletadas por moradores da Floresta, gerando uma renda extra para essas famílias. Jarina, açaí e paxiubão são as matérias-primas mais usadas na produção das biojoias.

Sementes da floresta são componentes essenciais nas produções da artesã. Foto: Fernando Menezes/Sete

Já para os colares decorativos, além das sementes, ouriços de castanha e de sapucaia, a paxiúba, a maracatiara e a muirapiranga são as espécies madeireiras que fazem com que o cliente tenha um pedacinho da Floresta em casa.

Sobre o Guia Homo Faber 2024

O Homo Faber 2024 tem curadoria da Fundação Michelangelo para a Criatividade e o Artesanato, uma fundação privada, internacional e sem fins lucrativos com sede em Genebra, na Suíça, que defende artesãos contemporâneos em todo o mundo com o objetivo de promover um futuro mais humano, inclusivo e sustentável. O movimento tem como foco artesãos criativos e conta com programas educacionais para as próximas gerações, uma celebração bienal internacional e um guia online com exposição das peças dos artesãos selecionados.

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