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Ainda no vermelho, suinocultura espera cenário positivo para 2025

Suinocultores sem possibilidade de capital de giro e recursos para realizar a manutenção das instalações. Nesta situação, muitos produtores devem abandonar a atividade no médio e/ou no longo prazo. Esse é o retrato revelado a partir dos painéis realizados pelo Sistema FAEP para apurar os custos de produção da suinocultura integrada paranaense. O trabalho, realizado periodicamente há 12 anos, tem como finalidade analisar o desempenho financeiro das granjas e fornecer subsídios aos suinocultores para negociar com as agroindústrias integradoras.

As reuniões para o levantamento dos custos de produção foram realizadas em outubro deste ano, envolvendo apenas produtores integrados (aqueles que atuam em regime de integração junto a agroindústrias integradoras) e que fazem parte das Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs). Os quatro painéis abrangeram as seguintes fases produtivas da suinocultura: Unidades de Terminados (UT), Unidade Produtora de Desmamados (UPD) e Unidade de Creche (UC), com produtores ligados a unidades agroindustriais em Toledo (Oeste) e Carambeí (Campos Gerais). Os suinocultores independentes e cooperados não fizeram parte deste levantamento.

Os números apontam que em nenhum modelo produtivo o saldo recebido cobriu o custo total. Nas unidades de UPD e UT, foram cobertos apenas os custos variáveis, e na UC, o valor recebido não cobriu nem mesmo os custos variáveis.

“Os painéis apresentaram, em unanimidade, resultados negativos nos seus custos de produção, acarretados por baixa receita, ou seja, o valor recebido por suíno entregue à agroindústria não cobre o custo fixo, consequentemente, não paga o custo total de produção desse animal”, resume Nicolle Wilsek, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

Apesar disso, a suinocultura paranaense encontrou em 2024 um cenário mais favorável em relação aos anos anteriores, com oferta ajustada ao mercado interno, perspectiva de preços mais elevados e exportações em alta. Em setembro, o Paraná bateu recorde de exportações de carne suína, com o envio de 18,1 mil toneladas. A China continua sendo a principal compradora da carne brasileira. No entanto, com a recomposição de seus planteis suínos, o país asiático deve reduzir as compras em um futuro próximo. Outros mercados, como Filipinas e República Dominicana, que adquiriram carne suína paranaense pela primeira vez este ano, abrem novas oportunidades graças ao status de área livre de febre aftosa sem vacinação.

O consumo interno também é um dos grandes responsáveis pelo avanço do setor. Nos últimos dez anos, o consumo per capita de carne suína saltou de 13,7 para 20,5 quilos. “Outro ponto positivo foi uma redução nos valores da alimentação e valorização no preço do quilo do suíno“, observa Nicolle.

Na Unidade de Creche (UC), os resultados foram os mais preocupantes. Mesmo com a retração nos custos de insumos como grãos, produtos de construção civil e combustíveis, o suinocultor não consegue arcar nem com os custos variáveis da atividade, com prejuízo de R$ 12,41 por leitão. “É preocupante que o produtor de crechário não esteja recebendo nem para pagar seus custos variáveis,” analisa Nicolle.

Na fase de terminação (UT), apesar de resultados positivos sobre os custos variáveis, o custo operacional ficou negativo em R$ 15,19, e o custo total, com prejuízo de R$ 40,56 por suíno. “Essa fase deveria apresentar melhor rentabilidade financeira para o produtor, mas não está ocorrendo,” observa a técnica do DTE.

Nas unidades de leitões desmamados (UPD), os custos variáveis são cobertos, mas o custo total gera prejuízo de até R$ 20,03 por leitão. A redução de 5,17% no número de leitões por porca ao ano também impactou diretamente a produtividade.

Apesar do cenário desanimador, há otimismo para o futuro. “O setor passou por dificuldades em 2022 e 2023, mas agora, em 2024, a realidade mudou. Para que a cadeia se sustente, é preciso melhorar a remuneração no campo,” afirma o produtor Jan Loman.

As Cadecs (Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração), reguladas há nove anos pela Lei da Integração, trouxeram avanços significativos na relação entre produtores e empresas. “A instalação das Cadecs foi muito positiva, pois a indústria teve que abrir as portas para os suinocultores,” ressalta o suinocultor Moresco.

O Sistema FAEP presta assistência às Cadecs, oferece cursos nas áreas de negociação e contratos de integração, e coordena um núcleo que uniformiza ações e compartilha experiências.

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