Valterlucio Campelo: A vassalagem da imprensa não impedirá. ANISTIA JÁ!

Depois de quase dois anos do ocorrido e do martírio continuado de mil e tantos manifestantes, observe-se os fatos de 08/01/2023. A multidão que há meses se posicionava pacificamente à frente do comando militar em Brasília, açulada por alguns irresponsáveis e/ou infiltrados, repentinamente se transformou em um bando de aloprados e invadiu os três poderes estranhamente desprotegidos. Uma minoria depredou, a maioria orou, cantou o hino nacional e gritou. Ali se deu o que depois foi apropriado pela esquerda e seus aparelhos em “tentativa de tomada violenta do poder”, um malabarismo hermenêutico podre, perverso, mas funcional para quem precisava de um pretexto para estigmatizar a direita.

Imediatamente os manipuladores da opinião pública e os lacaios da esquerda, especialmente na mídia, danaram-se a gritar: Golpistas! Terroristas! Fascistas! Era a senha para que parte da população encharcada com as imagens repetidas à exaustão durante meses, fosse impactada com uma dúvida: Houve tentativa de golpe de Estado? Sim! Gritam os esquerdistas praticamente hegemônicos na mídia, fazendo eco ao Sistema instalado no Poder; Não! Gritam os conservadores assentados na lógica e no sentimento moral de que aqueles idosos, senhoras e pais de família não estavam ali para tomar a república.

Compare-se com o que ocorreu nesta terça-feira na Coreia do Sul e fica fácil deduzir. É óbvio que não. Nenhum dos elementos necessários para a tomada de poder se fazia presente, imagine os suficientes. A condição básica para que ocorra qualquer resultado de qualquer coisa, é que os elementos capazes de o provocar sejam acionados. Rigorosamente, não é o caso, logo, se trataria no bom Direito de crime tão impossível quanto matar um boi com uma bolinha de isopor, mas quem quer saber? Se a Globo e os bebedores do esgoto que de lá escorre repercutem e endossam a desonestidade intelectual da Justiça atuante como aparelho ideológico de estado (estudem Althusser), é porque deve fazer algum sentido.

Assim se formou outra multidão, a dos vingadores. Sem Anistia! bradam eles com a cara lavada, embora estejam reproduzindo uma falsidade clara como a luz do sol. Cometem um atentado à moral mínima. Voltamos assim à questão da manipulação da opinião pública.

O ímpeto de punição aos adversários por eventuais erros costuma extrapolar a razão e a moral que muitos alegam ter, especialmente quando a coisa é feita sob o signo da vingança e praticada em associação de muitos de modo a “diluir” a responsabilidade.

Tomemos como exemplo o linchamento de eventuais criminosos pegos em flagrante. O sujeito que jamais daria sequer um tapa no rosto de alguém se vê praticamente compelido a participar daquela brutalidade, mesmo que no fundo saiba que o castigo é excessivo ou que não há certeza de que a vítima é culpada. Este indivíduo se sente convocado pelo grito, pela emoção, pelo sentimento de pertencimento à “tribo” que pertence. Penso nele chegando em casa, escondendo dos filhos que participou do assassinato, que deu com um pedaço de madeira na cabeça de um desconhecido. Viverá eternamente com este fardo.

Os que hoje gritam contra, ou debocham da situação de mais mil presos políticos, encarcerados, exilados, esfomeados, deprimidos em função de uma condenação por tudo extravagante parecem muito com os linchadores. Assim como os nazistas, jornalistas que propagam a versão “golpista” levam suas vidas tranquilamente, vão à Igreja, se ajoelham e oram como se a sua ignomínia fosse apenas uma ordem do seu editor ou de quem lhes paga. Estamos assistindo a uma atualização da banalização do mal?

Há outra hipótese. Talvez seja apenas o resultado daquilo que os intérpretes de Dietrich Bonhoeffer chamaram de teoria da estupidez (pesquisem). Disse ele: “Parece que a estupidez não é propriamente um defeito congênito, mas um processo em que as pessoas se tornam estúpidas sob certas circunstâncias, ou deixam-se fazer estúpidas de forma recíproca.”. Pode ser que os “vingadores” sejam apenas estúpidos, que não tenham a noção exata da extensão e das consequências da sua ação, mas isso se aplica melhor à população ignara, não aos comunicadores que vemos todos os dias na TV e jornais e sites de notícias. Nessa seara não há lugar para a estupidez Bonhoefferiana.

Ao reproduzirem a versão alexandrina de “tentativa de golpe” sem armas, sem forças militares, sem propaganda, sem partidos, sem apoio popular, sem líderes…, essa gente que “se acha” juízes por estarem autorizados pelo andar de cima, ou por ocupar espaços generosos na sociedade, está apenas movendo a imprensa como mais um aparelho ideológico de estado a serviço da manutenção do poder, obviamente recolhendo as migalhas que caem da mesa do banquete.

O troço é tão repugnante que outro dia vi na Globonews um dos debatedores fazer uma espécie de chacota com os manifestantes presos, como se eles devessem pagar o preço de ser “otários”. Outro ridicularizou a luta pela anistia empreendida por parlamentares com apoio da maioria da população brasileira. Os que têm a mão no registro do esgoto riem da desgraça alheia, é a velha imprensa e sua face podre na telinha fazendo pouco caso do sofrimento dos patriotas. Não ficarão aí para sempre, venceremos.

*Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.

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