Fatalmente, há pelo menos 10 anos, a Direita vem monopolizando o cenário político-ideológico no chamado mundo ocidental. Apesar da longa tradição dessa corrente de pensamento político, havia uma asfixia geral, nos ditos países civilizados, do chamado conservadorismo ou liberalismo clássico, em razão da predominância ideológica da social-democracia.
A social-democracia contemporânea se tornou uma espécie de via conciliatória entre as diferentes correntes políticas, em termos tupiniquins, os sociais-democratas são o centrão. No Brasil, esse fracasso é flagrante, vejamos o PSDB, que simplesmente se desintegrou após a ascensão da direita bolsonarista.
Pois bem, a ascensão dessa nova direita se deu pelo desgaste da chamada política tradicional executada pelos partidos de centro-esquerda, que no decorrer do tempo foram perdendo suas características originárias e se tornaram, aos olhos populares, fisiológicos e corruptos. Somado a isso, temos a ascensão do chamado identitarismo ou neo-progressismo, que acirrou o conflito moral na sociedade e trouxe à tona a resistência conservadora da massa popular, em sua maioria cristã.
Por óbvio, essa direita não é um bloco coeso, possui várias faces e posições conflitantes, o que é absolutamente normal, pois dentro do espectro político direitista existem inúmeras correntes de pensamento, de reacionários/tradicionalistas a liberais/democratas.
Entretanto, de Javier Milei (um libertário) a Viktor Orbán (um nacionalista), há uma intersecção na ação política que une toda a direita mundial. Esse ponto de encontro é a luta anti-establishment, que possui enorme penetração e apoio popular.
Para o povão, a burocracia tradicional é corrupta e ineficiente, o que possui certo grau de veracidade, mas a Direita conseguiu ir mais a fundo na captação desse sentimento popular. Em verdade, a nova direita desvendou os grandes monopólios políticos e econômicos que se nutriam do Estado para alcançar seus escusos objetivos.
Além disso, todos os líderes populares de direita possuem posições firmes, mesmo que conflitantes, são cativantes e se apresentam como pessoas com autoridade e capacidade de mudança, algo que se tornou um sacrilégio na democracia burguesa, onde todos os personagens se apresentam como homens de geleia.
Aparentemente, essa nova onda mundial direitista continuará dominando o cenário político nos próximos anos, o que ascende um alerta para a sobrevivência dos políticos e partidos tradicionais, bem como da chamada esquerda-identitária.