Café parado em portos brasileiros gera prejuízos de R$ 6,1 mi a exportadores

O Brasil acumulou 672.113 sacas de 60 kg (2.037 contêineres) de café não embarcado em janeiro de 2025. Esse volume é resultado dos elevados índices de atrasos, frequentes mudanças nas escalas dos navios de exportação e constantes rolagens de carga, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Como consequência, os exportadores brasileiros já enfrentam prejuízos de aproximadamente R$ 6,134 milhões no primeiro mês do ano, e R$ 57,7 milhões no acumulado dos últimos oito meses. Além do atraso na entrega aos importadores, há custos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.

Considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar médio de R$ 6,0212 em janeiro, ao não embarcar esse café, o Brasil deixou de receber, no mês passado, cerca de US$ 226,05 milhões, ou R$ 1,361 bilhão. O que leva a uma queda na receita para os produtores.

Do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foram embarcados no mês passado. Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, isso justifica o bom volume de 3,9 milhões de sacas que o Brasil exportou em janeiro, período de entressafra e com menor oferta disponível. “Contudo, nossos associados informaram que o cenário logístico, apesar de apresentar melhoras em janeiro por conta da oferta reduzida, permanece desafiador, com muitos entraves e despesas adicionais elevadas, não previstas. Essa pseudo sensação de melhoria deve permanecer até a chegada da nova safra”, destacou em nota.

Ele completa que, apesar dos investimentos anunciados nos portos serem muito importantes para o comércio exterior brasileiro, o reflexo dessas medidas será sentido somente mais a frente e o agronegócio nacional precisa de “ações céleres e urgentes” para evitar a continuidade dos prejuízos logísticos.

Quase 70% dos navios tiveram atrasos em janeiro

Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 67% dos navios, ou 203 de um total de 302 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em janeiro de 2025. O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 40 dias no Porto de Santos (SP), o maior do Hemisfério Sul. Além disso, 40 navios sequer tiveram abertura de gate no ancoradouro santista em janeiro.

O terminal de Santos, que respondeu por 75,3% dos embarques de café no primeiro mês deste ano, registrou um índice de 77% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 122 do total de 158 porta-contêineres. Somente 9% dos procedimentos de embarque tiveram prazo maior do que quatro dias de gate aberto por navios no embarcadouro santista. Outros 50% tiveram entre três e quatro dias e 41%, menos de dois dias.Já o complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ) — o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 21% de participação nos embarques em janeiro — teve índice de atrasos de 70% no mês passado, com o maior intervalo sendo de 35 dias entre o primeiro e o último deadline. Em janeiro, 18% dos procedimentos de exportação tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por porta-contêineres nos portos fluminenses, 36% registraram entre três e quatro dias e 46%, menos de dois dias.

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