Dando continuidade à série dedicada a avaliação do governo do Acre nos últimos seis anos, mediante as publicações anuais de competitividade, pelo Centro de Liderança Política – CLP, oferecemos alguns dados e inferências relacionadas ao pilar Sustentabilidade Ambiental, que no cômputo total tem valor de 7,7% em 2018 e 8,4% em 2024. Antes, publicamos análises relativas à Segurança Pública, Sustentabilidade social, e Capital Humano.
Sucintamente, é bem aceito internacionalmente, que a sustentabilidade ambiental se refere à capacidade de utilizar os recursos naturais de forma consciente e responsável, garantindo que as necessidades do presente sejam atendidas sem comprometer a disponibilidade desses recursos para as futuras gerações. Envolve a adoção de práticas que minimizem o impacto humano no meio ambiente, promovendo a conservação da biodiversidade, a redução da poluição, o uso eficiente de energia e água, e a gestão adequada de resíduos, visando um equilíbrio duradouro entre as atividades humanas e a saúde do planeta.
Partindo deste conceito é possível alinhar os indicadores do pilar Sustentabilidade Ambiental, de modo a apontar uma base mínima de observação de como os governos estão lidando com essa questão central do desenvolvimento. Em 2018, foram observados apenas quatro indicadores: emissão de CO²; serviços urbanos; destinação do lixo e tratamento de esgoto. Em 2024, o pilar havia incorporado outros nove indicadores, ampliando assim o escopo de observação e introduzindo um olhar mais abrangente das questões ligadas ao meio ambiente.
Na tabela abaixo, podem os observar o comportamento de cada indicador marcadamente referente aos relatórios de 2028 e de 2024 do Centro de Lideranças Políticas – CLP.

Imediatamente percebe-se que nos indicadores referentes ao desenvolvimento urbano, o Acre fica na última posição. Como é do conhecimento de todos, embora o Acre procure há décadas ocupar um protagonismo nas questões ambientais, tais esforços se dedicaram ao discurso amazônico de conversão de florestas. Muitos políticos têm acusado essa contradição. Veja-se que no item Preservação de Vegetação nos Imóveis Rurais, o Acre desponta em primeiro lugar no relatório de 2024. Nos itens Desmatamento e Velocidade do desmatamento, só perde para o Amapá. Vale dizer que, embora tenha vínculos estreitos com a saúde e a vida digna, as questões citadas foram evidentemente negligenciadas pelas partes envolvidas – Governos Federal, Estadual e Municipal e isto provavelmente é crucial para que a nota global da sustentabilidade ambiental tenha posicionado o Acre em 23º lugar. Vejamos o que nos conta a comparação regional na tabela abaixo.

Os estados da região Norte, com exceção do Tocantins, que ganhou seis posições e, do Amazonas, que ganhou quatro, parecem padecer do mesmo problema fundamental que é o saneamento básico e outros aspectos ligados à questão urbana. Estados emblemáticos da questão ambiental são vigiados de perto pelos órgãos ambientais, MP’s, ONG’s e imprensa para que mantenham suas florestas e comunidades e atividades no campo, mas, curiosamente, seguem sem ajuda para programas efetivos de sustentabilidade ambiental urbana que atinjam a grande maioria da população. Possivelmente, para o governo, desenvolvimento urbano e saneamento básico é coisa a ser medida em outra serventia longe da Amazônia.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.