A cada dia, o Acre ganha mais reconhecimento no cenário nacional do esporte. Os competidores acreanos vêm colecionando prêmios e conquistando um espaço nunca tido antes e, com a ajuda do governo do Estado, os resultados são cada vez mais expressivos. O mês de junho rendeu duas vitórias ao estado, com Jocilene Chaves e Manuela Moreira garantindo uma medalha de bronze cada uma, nas provas de heptatlo e marcha atlética, respectivamente, durante o 49º Troféu Norte-Nordeste, ocorrido em Recife.

A vitória inédita para as atletas representa um marco na carreira das duas e, ainda que com pouca idade, elas viram nas medalhas um impulso para continuar realizando os treinos e aperfeiçoando ainda mais as técnicas para subir em mais pódios estaduais, regionais e nacionais.

“[Minha paixão] surgiu lá em 2015. Eu não tinha ainda conhecido o atletismo quando o meu professor chegou na escola com um projeto. Naquele momento me despertou essa paixão. De lá para cá fui só evoluindo e estou aqui até hoje. Não parei. O amor por esse esporte foi só crescendo”, conta Jocilene.

Na competição, a atleta participou da prova de heptatlo no atletismo, uma competição que reúne sete modalidades disputadas ao longo de dois dias. Ela enfrentou os 100 metros com barreiras, o salto em altura, o arremesso de peso e os 200 metros rasos. Além disso, completou a sequência com o salto em distância, o lançamento de dardo e os 800 metros.

Apesar de a família ter sentido certo receio no início, os resultados obtidos reforçam a determinação da jovem em conquistar ainda mais espaço na modalidade e levar o nome do Acre a novos horizontes. Mesmo integrando um projeto independente, Jocilene, ao lado de Manuela Moreira, contou com o apoio do governo estadual para o custeio das passagens aéreas, o que possibilitou a viagem, e, consequentemente, a vitória.

Atualmente com 22 anos e moradora do município de Bujari, a atleta destaca que a conquista da medalha de bronze representou uma verdadeira virada de chave em sua vida. Ela acredita que, com determinação e foco, pode se superar ainda mais e alcançar novos resultados positivos para sua carreira e para a história de sua terra.

“Para mim, o atletismo representa determinação, evolução, força. É um esporte que ajuda várias pessoas, porque ele é versátil; pode amparar qualquer um. É uma modalidade diferente, mas que consegue levar você para lugares que não imagina. Eu amo e pratico. Essa conquista vai ficar na minha memória para sempre”, diz.

Esporte plural

O atletismo, considerado a base de todas as modalidades esportivas, desempenha um papel essencial na formação de atletas e na promoção da saúde física e mental. Com disciplinas que exigem força, velocidade, resistência e técnica, o esporte contribui para o desenvolvimento completo dos praticantes, além de incentivar valores como foco e disciplina. No cenário competitivo e educacional, o atletismo se destaca como ferramenta de inclusão social e descoberta de talentos.

Wedson Coelho é o fundador do Projeto Atletas do Acre (PAA), iniciativa responsável por revelar talentos do atletismo acreano. Com 13 anos de existência, o projeto já levou diversas crianças e adolescentes a competições em todo o Brasil. Atualmente com cerca de 50 alunos inscritos, Wedson enfatiza o impacto das práticas esportivas na vida dos alunos.

“O atletismo visa promover o bem-estar social, além de trabalhar a parte esportiva, o condicionamento físico e a interação entre os próprios atletas. O nosso projeto reflete isso, pois é inclusivo e atende tanto pessoas sem deficiência quanto pessoas com diferentes necessidades. Temos participantes com diversos biotipos, mais altos, mais baixos, com sobrepeso, entre outros. Esse esporte abrange várias modalidades e provas, o que permite acolher e envolver alunos com perfis variados”, observa Wedson.

Além disso, o treinador reforça que o apoio contínuo do governo estadual é um dos pilares fundamentais para a continuidade e o sucesso do projeto. Graças a essa parceria, mais adolescentes acreanos têm a oportunidade de conhecer o atletismo e, muitas vezes, descobrir uma nova paixão.

“A ajuda do governo é muito importante, porque lá fora as pessoas têm patrocínio e o Estado atua como patrocinador. Estou há 13 anos engatinhando com esse projeto. Então, seguir em frente e sem a ajuda do governo, sem o suporte com essas passagens para os alunos participarem das competições, fica inviável”, pontua.

Suporte do Estado

Além de revelar talentos e garantir conquistas expressivas aos cidadãos acreanos, o esporte desempenha um papel fundamental como promotor de lazer e cidadania. Ao proporcionar momentos de integração e disciplina, as atividades contribuem para o desenvolvimento pessoal e social dos praticantes, especialmente entre os jovens.

Na tentativa de ampliar ainda mais o acesso ao esporte e inserir os acreanos em competições por todo o país, levando, assim, o nome do estado além das fronteiras territoriais, a Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer do Acre (Seel) cobre os custos com traslados, hospedagem e demais despesas dos atletas que não têm condições financeiras suficientes.

De acordo com o titular da pasta, Ney Amorim, os competidores acreanos vivem o melhor momento do esporte no estado. “Nosso governador Gladson Camelí tem apoiado e mandado vários dos nossos para participar de competições a nível nacional e internacional. O Acre vive um excelente momento e os nossos atletas têm sido muito bem apoiados e abraçados pelo governo”, pontuou.

Impulso para o futuro

Em maio deste ano, três atletas do projeto viajaram a João Pessoa para participar do Campeonato Norte-Nordeste Sub-18, com apoio do governo, que forneceu as passagens aéreas. Na ocasião, dois deles, Rayane de Souza e Samuel Alves, conquistaram o 4º lugar em suas respectivas modalidades. Apesar de ficarem fora do pódio, o momento representou um impulso para o futuro promissor da dupla, que realiza os treinos na ciclovia e no campo de areia do centro de Bujari.

Samuel é saltador e já alcançou a marca de mais de 6 metros em um único salto. Rayane, por sua vez, compete na prova dos 3 mil metros. Com apenas 15 anos, ela vê a colocação como reflexo de sua dedicação e como um sinal de que está trilhando o caminho certo.

“Eu estava bem nervosa, porque era minha primeira competição nacional, e também tinha muita gente. Ficar em quarto lugar foi uma grande conquista, pois foi por pouco que eu não subi ao pódio. Agora, só é treinar para melhorar mais e conseguir uma medalha”, afirma.