A sexta-feira foi tensa. Logo pela manhã, os agentes da ditadura acordaram o ex-presidente Bolsonaro com um mandado de busca e apreensão. Cataram celular, pen drive, dinheiro (espero que devolvam), fizeram o espetáculo e, em seguida, meteram-lhe uma tornozeleira e uma série de limitações que caracterizam uma prisão domiciliar. Para todos os efeitos, há uma condenação antes do julgamento. O pretexto é a “possibilidade de fuga” argumentado pelo PT. Na decisão, uma referência para lá de imbecil a “inimigos externos”,
Para não matar no peito sozinho, o Alexandre de Moraes chamou a turma que ele mesmo comanda e dividiu a vileza. Em uma jogada obviamente combinada, em poucas horas já estava decidido pela turma que a decisão é correta e Bolsonaro deve ser punido antes de ser julgado. É a democracia relativa que equivale à ditadura relativa, dependendo da honestidade intelectual de quem observa.
Enquanto a vassalagem na imprensa, inclusive acreana, se deliciava com a decisão, comendo na mão da ditadura, atribuindo ao Eduardo Bolsonaro o tarifaço e dando razão ao tirano, o fato repercutia mundialmente. Dezenas de jornais importantes no mundo inteiro davam conta de como o Bolsonaro havia sido punido por um regime autoritário baseado numa espécie de juristocracia.
No final da tarde, outra notícia bombástica. O governo americano cassou os vistos de entrada de Alexandre de Moraes, Paulo Gonet, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Cármen Lucia, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Andrei Rodrigues (Delegado PF), Fabio Shor (Diretor PF), Ricardo Lewandovski (MJ), Rodrigo Pacheco (Senador). A medida inclui suas famílias. Que tal? A medida foi uma pequena vassourada que seguramente botou no cantinho do pensamento a suprema canalhice. Sabe-se que por lá tem filho de ministro trabalhando, filha estudando… sem contar os bens adquiridos com aquele salarinho de 30 contos que podem entrar na fita.
Da caneta Trumpista pode vir muito mais em curto prazo. Além da Lei Magnitsky que bagunçará a vida dessa gente e de outros que podem entrar na fila, cogita-se, por exemplo, o bloqueio de satélites GPS no Brasil. Já pensou a vida sem GPS? Até o treino do time seria prejudicado. Ponham a culpa no STF.
Mais grave, pode vir a retirada do Brasil do sistema SWIFT, o que inviabilizaria as transações comerciais. Sabe o que é dificuldade extrema para transferências internacionais; comércio exterior prejudicado; congelamento de ativos e dívidas; desvalorização da moeda; fuga de capital; inflação elevada? Pergunte à Rússia e Irã que saberão do que se trata.
O consórcio Lula-STF está achando que jogará o Brasil numa ditadura do tipo Venezuela sem que os EUA façam nada? Essa gente ainda está comendo o estrume de Lênin, só pode. Até aquela Rede de TV que serve de agência de propaganda do regime está na fila para sanções. Quanto o leitor acha que a empresa tem nos EUA?
Bem, as possibilidades americanas contra o Brasil são inúmeras. Daqui para lá, são risíveis. Doravante, qualquer atitude do governo Lula -STF contra os EUA será motivo para escalonamento das pancadas. E nem adianta pedir socorro aos cúmplices asiáticos, eles estão cuidando de si e a OTAN está observando de olhos arregalados, esperando o momento certo para a ação – tem sanções na gaveta.
Sim, caros. A situação é dramática. O conluio que retirou Lula da cadeia, tornou-o elegível e o empossou não sabia o tamanho do BO que estava assumindo. Talvez contassem como certa a eleição de Kamala Harris, a coleguinha progressista que junto com o Biden interferiu no processo eleitoral brasileiro. Ocorreu que Trump foi eleito e não parece estar disposto a ceder quando se trata de liberdade. O socialismo comemorado por Lula, o seu compadrio com as ditaduras, o seu antissemitismo, enfim, todo o seu modo de agir, incluindo a perseguição aos adversários internos subjugando-os com processos ilegais, foram vistos e não foram tolerados.
Talvez seja hora de Lula sair debaixo do pé de jabuticaba ou de cima do palanque da UNE e tratar a coisa com a seriedade devida. Seus arreganhos de botequim não têm nenhum significado para os EUA, sua arrogância não tem assento na Casa Branca, sua megalomania não resiste a um sopro de realidade.
Talvez seja hora de o STF rever sua própria inserção na República e permitir, dentro da Constituição Federal, que o processo de anistia se desenvolva sem ameaça de ser, depois, considerado inconstitucional. É preciso voltar para a caixinha republicana, independente e harmônica. Nessa hora, o parlamento deverá se levantar e fazer o seu serviço – aprovar a anistia geral e irrestrita, libertar todos os presos políticos e estabelecer eleições verdadeiramente livres e auditáveis.
Talvez seja hora de a imprensa voltar ao equilíbrio e buscar a verdade ao invés de se aliar perversamente a uma ideologia funesta, historicamente fracassada e autoritária. Jornalistas serviçais, desses que engolem e regurgitam o bocado que vem do velho esgoto, que aceitam o chicote da tirania para posarem de corretos, precisam mudar ou serem mudados. O povo não suporta mais esses comentaristas de puteiro, fuxiqueiros de bastidores, agentes da perversão.
Mesmo que lamentemos profundamente a situação em que nos meteram em sua insana perseguição às liberdades para instalarem sua ditadura, interessa que, ao final, todo brasileiro que preza a liberdade possa se dirigir ao tiranete debochado e devolver: Perdeu, Mané!
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.



