Trump pressiona UE por tarifas de 100% sobre China e Índia; e o Brasil?

O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, pediu à União Europeia (UE) que imponha tarifas de até 100% sobre produtos da China e Índia por causa da compra de petróleo russo. A ação visa pressionar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a encerrar a guerra com a Ucrânia.

Segundo o jornal Financial Times, Trump fez a exigência depois de participar de uma reunião na terça-feira, 09, entre altos funcionários dos EUA e da UE, em Washington. Conforme uma autoridade norte-americana, o governo Trump estaria pronto para agir, mas só adotará a medida se tiver apoio dos aliados europeus. 

E o Brasil?

Um movimento norte-americano e europeu de aumentar tarifas sobre China e Índia desencadeará um fortalecimento da parceria comercial de ambos países com o Brasil. Hoje, juntamente à África do Sul, as nações formam o BRICS — bloco econômico formado de países emergentes que conta ainda com Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. A aproximação, contudo, mais relevante para o agronegócio brasileiro é com o gigante asiático, principal parceiro comercial do setor. 

Desde os primeiros meses de seu segundo mandato, Donald Trump tem travado uma guerra tarifária com Xi Jinping – atualmente, suspensa para tratativas de um acordo. No entanto, especialistas apontam que, a cada dia, um entendimento entre as partes está mais distante de acontecer, apesar das pressões dos agricultores norte-americanos em busca de um desfecho. 

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Rodrigues Vale, ressalta que a tendência cada vez maior é de um desacoplamento da China com os EUA. “Então, a gente acaba se beneficiando de qualquer maneira. Mesmo que, eventualmente, seja firmado um acordo e os Estados Unidos exportam mais soja temporariamente para a China, cada vez mais o país asiático busca consolidar suas compras de forma mais estável. E isso não vale só para a soja: também se aplica à carne e, possivelmente, ao milho no futuro”, afirmou ao Agro Estadão. 

Para ele, isso não significa que os chineses deixarão de comprar soja dos EUA. Pelo contrário, o crescimento da economia da China continuará demandando mais soja e eles irão buscar dos produtores norte-americanos, porém, também irão diversificar o seu mercado. Mesmo com essa diversificação, o economista tem a percepção de que o Brasil seguirá como o parceiro mais confiável, em decorrência do histórico da relação comercial entre os países. 

Com isso, um caminho mais positivo ao agro brasileiro deve se abrir no longo prazo. “Acredito que, de tudo o que está acontecendo na guerra tarifária, a agricultura brasileira tende a se beneficiar no futuro. Isso porque há a possibilidade de abrir ainda mais mercados na China e, eventualmente, em outros países, já que o mundo começa a enxergar os Estados Unidos com maior dificuldade. Esse movimento abre espaço para que a nossa agricultura conquiste novos destinos também”, salienta. 

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