Pragas secundárias: entenda a ameaça oculta e proteja sua produção agrícola

As pragas secundárias representam uma ameaça muitas vezes subestimada na agricultura brasileira. Embora frequentemente negligenciadas, essas pragas podem se transformar em um problema significativo para os produtores rurais. 

Compreender sua natureza e impacto é fundamental para um manejo eficaz da lavoura e para garantir a saúde e produtividade das culturas.

O que são pragas secundárias e como se diferenciam das primárias?

As pragas secundárias são espécies que, em condições normais, não causam danos econômicos significativos às culturas. Segundo a Embrapa, essas pragas geralmente ocorrem em baixas populações, são controladas por inimigos naturais ou são sensíveis a condições ambientais específicas. 

Por outro lado, as pragas primárias ou pragas-chave são aquelas que consistentemente causam perdas econômicas e exigem controle contínuo.

A distinção entre pragas primárias e secundárias é essencial para o planejamento de estratégias de manejo. Enquanto as pragas primárias demandam atenção constante, as secundárias requerem monitoramento para evitar que se tornem problemas maiores.

Principais pragas secundárias no contexto agrícola

No cenário agrícola brasileiro, diversas espécies são consideradas pragas secundárias. Entre elas, destacam-se:

Insetos: roca (Strategus aloeus), vaquinha (Himatidium neivai), raspadores (Delocrania cossyphoides e Haemisphaerota tristis), minador (Taphrocerus cocois), e algumas espécies de lagartas (como Synale hylaspes e Automeris cinctistrigata).
Ácaros: tetranychus mexicanus e Retracrus johnstoni são exemplos de ácaros que podem se tornar problemáticos em certas condições.
Outros organismos: saúvas, gafanhotos, tripes, cupins e até mesmo ratos podem ser considerados pragas secundárias em determinados contextos agrícolas.
É importante ressaltar que a classificação de uma praga como secundária pode variar dependendo da região, da cultura e das condições ambientais específicas.

Por que as pragas secundárias podem se tornar um problema na sua lavoura?

O desequilíbrio ecológico é o principal fator que leva uma praga secundária a se tornar uma praga-chave. O uso indiscriminado de defensivos agrícolas pode eliminar os inimigos naturais dessas pragas, permitindo que suas populações cresçam descontroladamente. 

Este fenômeno, conhecido como ressurgência, transforma espécies antes inofensivas em ameaças significativas para as culturas.

Condições climáticas atípicas também podem favorecer o desenvolvimento de pragas secundárias. Secas prolongadas, chuvas excessivas ou ondas de calor criam ambientes propícios para certas espécies se multiplicarem rapidamente. 

Além disso, alterações no sistema de cultivo, como a adoção de monoculturas ou a introdução de novas variedades, podem inadvertidamente beneficiar algumas pragas secundárias.

Práticas de manejo inadequadas também contribuem para o surgimento de problemas com pragas secundárias. 

Por exemplo, a irrigação excessiva pode criar condições úmidas que favorecem certas espécies de insetos, enquanto a adubação desequilibrada pode tornar as plantas mais suscetíveis a ataques.

Como identificar o aumento de pragas secundárias

O monitoramento regular da lavoura é crucial para identificar o aumento de pragas secundárias. Os produtores devem estar atentos não apenas às pragas primárias conhecidas, mas também a quaisquer alterações incomuns na população de insetos ou outros organismos.

Os danos causados por pragas secundárias podem ser sutis ou aparecer em momentos inesperados do ciclo da cultura. Por isso, é importante realizar inspeções detalhadas e regulares, observando cuidadosamente folhas, caules, frutos e raízes em busca de sinais de infestação.

A presença ou ausência de inimigos naturais é um indicador fundamental do equilíbrio biológico na lavoura. Uma redução significativa na população de predadores benéficos pode ser um sinal precoce de que as pragas secundárias estão ganhando terreno.

Estratégias eficazes para o manejo de pragas secundárias

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a abordagem mais eficaz para prevenir e controlar pragas secundárias. De acordo com a Embrapa, o MIP se baseia em cinco pilares principais: amostragem, uso de níveis de controle, rotação de culturas, controle biológico e uso seletivo de defensivos.

A preservação e introdução de inimigos naturais desempenham um papel crucial no MIP. O uso de inseticidas seletivos, que não afetam os organismos benéficos, é fundamental para manter o equilíbrio ecológico na lavoura. 

Além disso, práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, o manejo adequado da palhada e a adubação equilibrada, ajudam a prevenir o surgimento de pragas secundárias.

O uso de variedades resistentes é outra estratégia importante no manejo de pragas. Cultivares desenvolvidas para resistir a certos tipos de pragas podem reduzir significativamente a necessidade de intervenções químicas.

Por fim, é essencial aplicar defensivos apenas quando estritamente necessário e sempre de acordo com as recomendações técnicas. A escolha de produtos com menor impacto sobre a fauna benéfica ajuda a preservar o equilíbrio natural do ecossistema agrícola.

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