Confirmação de Paulinho da Força para relatoria do PL da anistia é balde de água fria para oposição

A indicação do deputado Paulinho da Força (Solidariedade) para a relatoria do projeto de anistia jogou um balde de água fria na oposição. Ainda eufóricos com a expressiva aprovação da urgência para o perdão, parlamentares aliados a Jair Bolsonaro, muito provavelmente, não se atentaram ao sinal dado pelo MDB e seguiram articulando o que pode representar uma das maiores derrotas para a oposição nos últimos tempos.

Fontes ouvidas em sigilo revelaram que, inicialmente, havia um acordo entre o presidente da Câmara, Hugo Motta, lideranças do Centrão, o governo e uma ala do Supremo Tribunal Federal para que um projeto de redução das penas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro fosse aprovado no Congresso. Apesar das resistências de ministros e de integrantes do Planalto, o projeto foi aceito principalmente por não beneficiar diretamente Jair Bolsonaro.

Além da “anistia”, era de grande interesse do Centrão — especialmente do União Brasil — a aprovação da chamada PEC da Blindagem, que chegou a avançar, mas não como o esperado. De última hora, a base governista decidiu orientar voto contra a PEC, o que gerou irritação no Centrão. Em resposta, foi aberto um verdadeiro “leilão” pela anistia: governo e oposição tiveram que “abrir as carteiras” e preparar suas melhores ofertas.

O final todos já conhecem: a urgência da anistia foi aprovada com 311 votos favoráveis. A relatoria do texto, segundo o acordo, ficaria com um nome do PP, mas ninguém esperava que “Davi virasse Golias” novamente — expressão usada por Renan Calheiros em 2019. Lá do Senado, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, é apontado por interlocutores como o principal responsável por toda essa reviravolta. Ao não dar continuidade à PEC da Blindagem, Alcolumbre teria “brincado” com os parlamentares, deixando-os como na canção da “casa muito engraçada”: sem teto, sem chão, sem nada. O duro golpe foi sentido principalmente pelo Centrão, mas também abalou fortemente a oposição.

Para não pagar o preço sozinho, Arthur Lira decidiu então indicar Paulinho da Força para a relatoria do projeto, ressuscitando o acordo inicial e conseguindo, de certa forma, conter os impactos que a aprovação da urgência trouxe.

Logo que a indicação foi anunciada, o histórico de Paulinho — de aliança com ministros do STF e de simpatia moderada ao governo, apesar das críticas — já deu o tom de que o acordo original estava de volta. Até o momento, o mais provável é que o texto apenas reduza as penas, sem anistia plena. A oposição cumpre seu papel e segue lutando para que a anistia beneficie Jair Bolsonaro diretamente. No entanto, deputados ouvidos reservadamente já admitem que o plano atual não é mais o A, B e C, mas sim o E e o T: Estados Unidos e Trump.

Tópicos:

Nossa responsabilidade é muito grande! Cabe-nos concretizar os objetivos para os quais foi criado o jornal Diário do acre