O encontro ocorreu nessa segunda-feira, 22, na Semana do Clima, em Nova York, durante um evento promovido pela SB COP — coalizão de empresas, instituições e parceiros estratégicos, conhecida também por Sustainable Business COP. O grupo reúne quase 40 milhões de empresas ao redor do mundo, visando a busca de soluções para a produção de alimentos de forma sustentável.
Durante apresentação das propostas, Gilberto Tomazoni, CEO da JBS e presidente do Grupo de Trabalho sobre Sistemas Alimentares Sustentáveis, que conta ainda com outras gigantes como Basf, Bayer e Bunge, destacou a relevância do setor na agenda climática. “Os sistemas alimentares são essenciais para a sociedade e respondem por cerca de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, podem gerar um círculo virtuoso de produtividade, mitigação de carbono e desenvolvimento social”, afirmou Tomazoni.
Propostas do agronegócio
As propostas do agro se concentram em cinco arquétipos de transformação, que refletem áreas de ação urgente e escalável:
sistemas agroflorestais;
sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta;
grandes culturas industriais;
soluções para redução de metano no arroz;
soluções de baixa emissão para a pecuária.
Com base nesses aspectos, o grupo identificou três prioridades principais para destravar a transformação dos sistemas alimentares:
- Convergência em torno de um quadro global baseado em resultados: estabelecer métricas claras e adaptadas localmente, conectando políticas nacionais a práticas verificáveis no campo, permitindo acompanhamento do desempenho e vinculação de financiamentos a resultados ambientais.
- Produtividade por meio de inovação e assistência técnica: ampliar o acesso a tecnologias sustentáveis e conhecimento agronômico, incentivando a adoção inclusiva por pequenos produtores e países de baixa e média renda.
- Financiamento e incentivos inovadores: desenvolver mecanismos de blended finance, redirecionar subsídios e criar estruturas de crédito por serviços ecossistêmicos, conectando resultados ambientais verificados a fluxos de investimento.
Segundo Tomazoni, essas abordagens colocam o agricultor no centro da mudança, buscando ao mesmo tempo, produtividade e sustentabilidade. “O setor privado já está atuando para superar desafios como financiamento, inovação tecnológica e alinhamento de resultados globais. A COP 30 será o momento de mostrar soluções concretas e em escala, especialmente no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, completou Tomazoni.
Sustentabilidade alinhada com produtividade
De acordo com o CEO da JBS, mais de 60 casos de sucesso demonstram como é possível combinar sustentabilidade e produtividade em diversas culturas e sistemas de produção. Entre os exemplos citados está a fazenda Roncador, localizada em Mato Grosso, que, ao longo de 10 anos, desenvolveu um sistema produtivo que eliminou o impacto da produção de carne sobre o aquecimento global.
O fato foi comprovado em estudo da Pangea Capital que, em 2018, constatou que a propriedade capturou mais de 89 mil toneladas de carbono equivalente. “Ou seja, hoje, a Fazenda Roncador compensa todas as suas emissões de gases do efeito estufa e ainda captura carbono equivalente a 50 mil carros rodando mil quilômetros por um mês durante um ano todo”, aponta o site da companhia. O presidente do Grupo Roncador, Pelerson Penido Dalla Vecchia, também faz parte do SB COP.