Recuperação bilionária no agronegócio é alvo de denúncia por suposta fraude e venda de sentenças

O empresário do setor agropecuário José Pupin, um dos maiores produtores de algodão do País nas últimas décadas, denunciou à Justiça a existência de fraudes na execução da recuperação judicial bilionária do seu grupo empresarial. Segundo ele, as irregularidades teriam sido cometidas pela consultoria Fource, citada em uma investigação da Polícia Federal sobre a venda de decisões judiciais. A empresa, por sua vez, nega as acusações e afirma que todos os atos foram devidamente formalizados e contaram com o aval da família Pupin.

A denúncia ocorre em meio a um crescimento expressivo no número de recuperações judiciais do agronegócio, o que tem preocupado instituições financeiras. Apenas no segundo trimestre de 2025, os pedidos aumentaram 31,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O caso do Grupo Pupin, iniciado em 2017, envolvia dívidas de aproximadamente R$ 1,3 bilhão e foi um marco jurídico, influenciando decisões posteriores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em nova petição apresentada à 1ª Vara de Campo Verde (MT), os advogados do Grupo Pupin afirmam que a administração da recuperação foi entregue à Fource, que teria praticado uma série de atos para prejudicar credores e transferir o patrimônio do grupo para empresas ligadas à própria consultoria. Segundo a defesa, Pupin só tomou conhecimento das irregularidades após credores levantarem suspeitas e depois que a Fource passou a ser investigada pela PF.

O processo do Grupo Pupin é citado na Operação Sisamnes, que apura a venda de decisões por assessores do STJ e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Em mensagens interceptadas, um advogado suspeito de comprar sentenças mencionaria um acordo com um desembargador para favorecer o grupo. O empresário Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource, foi alvo de busca e apreensão e cumpre medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica.

De acordo com a denúncia, a Fource teria comprado créditos de credores do Grupo Pupin com deságio — valores muito abaixo dos originais — e, com isso, tornou-se o maior credor do grupo. Os advogados alegam que a consultoria se beneficiou de informações privilegiadas e que suas ações não foram submetidas ao crivo judicial, o que configuraria fraude processual.

O documento também relaciona o caso à Bom Jesus Agropecuária, empresa que está em recuperação judicial e comprou R$ 540 milhões em créditos do Grupo Pupin. Segundo a petição, a Bom Jesus mantém ligações diretas com a Fource, já que seu ex-diretor financeiro se tornou sócio da consultoria. A defesa afirma que o objetivo seria criar um círculo de controle sobre os créditos do Grupo Pupin.

Os advogados pedem que a Justiça anule os contratos e procurações que concederam poderes à Fource e que a empresa apresente uma prestação de contas detalhada de sua atuação. O caso segue sob análise da 1ª Vara de Campo Verde, que decidirá sobre os pedidos.

Nota à imprensa:

A Fource Consultoria, empresa reconhecida nacionalmente como assessora financeira de diversos credores em processos de recuperação judicial, repudia veementemente as acusações inverídicas divulgadas pelo Grupo Pupin, com o claro intuito de criar embaraço jurídico e, consequentemente, um calote em todos os credores da RJ que se arrasta há 10 anos.
Trata-se de uma tentativa infundada de descredibilizar a atuação da Fource, que sempre se pautou pela legalidade e transparência. Todos os atos praticados pela Fource foram regularmente formalizados e estão devidamente registrados e documentados no processo de Recuperação Judicial, contando sempre com a participação e anuência de toda a família Pupin, assim como de seus assessores financeiros e jurídicos legalmente constituídos até então.
Causa estranheza que, após tanto tempo e somente após a estabilização do processo recuperacional cujo fim se aproxima, surjam alegações sem fundamento com o claro intuito de perpetuar um processo que já causou tantos prejuízos a credores, ao judiciário e a toda a sociedade. A Fource reforça que todas as suas ações foram e continuam sendo informadas pelos seus clientes no bojo do processo judicial.
Por fim, a empresa não aceitará ataques levianos e seguirá tomando todas as medidas cabíveis para restabelecer a verdade dos fatos. A sociedade agropecuária mato-grossense com certeza saberá identificar a postura de cada um ao longo dos anos, prevalecendo a verdade e a justiça.

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