Nesta quarta-feira (29), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, classificou como um “sucesso” a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em um saldo oficial de 64 mortos. Em uma entrevista coletiva, Castro afirmou que as únicas vítimas da ação foram os quatro policiais que perderam a vida.
“Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem, só tivemos esses policiais”, declarou o governador durante a entrevista coletiva. A “Operação Contenção”, deflagrada na terça-feira (28), mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças de segurança estaduais e visava cumprir aproximadamente 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho.
A ação se tornou a mais letal da história do Rio de Janeiro. Além dos 64 óbitos confirmados pelo governo — sendo 60 supostos criminosos e quatro policiais — a operação resultou em 81 prisões e na apreensão de 75 fuzis, além de pistolas e granadas. No entanto, números da Defensoria Pública do Rio apontam que a quantidade de mortos pode ser ainda maior, chegando a 132 pessoas, devido a corpos encontrados em uma área de mata.
Durante seu pronunciamento, Castro defendeu a necessidade da operação, afirmando que a ação foi planejada com 60 dias de antecedência com o acompanhamento do Ministério Público. Ele argumentou que o estado está atuando “sozinho nesta guerra” e que o confronto com as organizações criminosas extrapolou os limites da segurança pública, caracterizando-a como uma “operação de defesa”.
O governador também aproveitou a oportunidade para cobrar um maior apoio do governo federal, sugerindo que a situação exigiria o auxílio das Forças Armadas. Ele mencionou que pedidos anteriores para o uso de veículos blindados militares foram negados. Em resposta, o Ministério da Justiça afirmou que não houve contato prévio do governador sobre a operação.
As declarações de Cláudio Castro e a alta letalidade da operação geraram forte repercussão. O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) solicitaram formalmente explicações ao governador sobre como o direito à segurança pública foi promovido durante a ação e se as diretrizes do Supremo Tribunal Federal para operações em comunidades foram seguidas.





