Alugar, comprar ou terceirizar máquinas agrícolas? Estudo da CNA orienta produtores

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou, nesta quarta-feira, 29, o estudo “Máquinas Agrícolas: alugar, comprar ou terceirizar? Tome a decisão certa”, voltado a produtores de soja e milho. O material, desenvolvido em parceria com a Agroconsult, foi apresentado durante o evento Benchmark Agro: Custos de Produção 2025, em Brasília.

O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, André Dobashi, destacou que o objetivo do levantamento é oferecer dados técnicos para apoiar a tomada de decisão do produtor, sem impor um modelo único. “É uma recomendação para que cada produtor analise a sua situação, de acordo com sua realidade, módulo ou sistema de produção, baseando-se em dados econômicos”, afirmou Dobashi.

O estudo compara os três principais modelos de mecanização — frota própria, aluguel e terceirização de serviços — com base em dados do Projeto Campo Futuro, que abrange 12 regiões estratégicas no Sul, Centro-Oeste e Matopiba+PA, responsáveis por mais de 80% da área de soja do País.

Débora Simões, sócia diretora de Estratégia e Soluções da Agroconsult, explicou que cerca de 17% do custo operacional total do produtor é referente às máquinas e à depreciação dos equipamentos agrícolas. “Esse custo pesa no bolso do produtor e, por isso, é importante criarmos condições e um ambiente de maquinário favorável para que o produtor rural brasileiro tenha opções”, observou.

Máquinas e juros mais caros

Entre 2019 e 2025, os preços das máquinas agrícolas registraram alta expressiva: plantadeiras subiram entre 131% e 225%; colheitadeiras, de 57% a 124%; e tratores, de 107% a 154%. 

Esse movimento foi acompanhado por uma alta significativa dos juros das linhas oficiais de crédito. No mesmo período, as taxas do Moderfrota pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) subiram de 6,0% para 12,5% ao ano. Já as taxas do Moderfrota tradicional passaram de 7,0% para 13,5% ao ano.

Terceirização

As simulações da CNA mostram que a terceirização se revelou mais vantajosa para a colheita em todas as regiões analisadas, devido ao alto custo das colheitadeiras, ao uso concentrado em curtos períodos e à escassez de operadores qualificados.

Para o plantio, a terceirização foi mais viável em cinco das 12 regiões, sobretudo onde não há milho de segunda safra. Já na pulverização, o modelo com frota própria manteve-se mais eficiente pela necessidade de resposta rápida a pragas e doenças.

O aluguel de máquinas, embora ainda pouco difundido entre produtores de grãos, tem ganhado espaço entre os de maior escala e perfil empresarial. As plantadeiras e semeadoras apresentaram desempenho mais equilibrado nas simulações, especialmente em cenários de juros altos. 

Segundo a CNA, os resultados reforçam a tendência global de adoção de modelos mais flexíveis de mecanização, que ajudam o produtor a preservar capital, otimizar o uso das máquinas e reduzir riscos financeiros.

As conclusões do estudo também dialogam com experiências internacionais. Nos Estados Unidos, tanto a terceirização quanto o aluguel são práticas consolidadas e contam com mercado estruturado e contratos flexíveis. Na Argentina, cerca de 60% das operações mecanizadas são feitas por prestadores de serviço, segundo a Federação dos Contratistas de Máquinas Agrícolas (Facma).

Para ver o levantamento na íntegra, clique aqui.

Calculadora online

Além do relatório técnico, a CNA lançou uma calculadora online para simular custos e rentabilidade de acordo com os dados reais de cada produtor. A ferramenta, que cobre as principais regiões agrícolas, permitirá comparar graficamente os impactos financeiros do plantio, pulverização e colheita nos diferentes modelos de mecanização.

Clique aqui para acessar a ferramenta. A base de dados será atualizada periodicamente com informações do Projeto Campo Futuro e de mercado, oferecendo ao produtor um instrumento prático de gestão e planejamento.

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