Os ganhos de produtividade necessários para impulsionar a economia brasileira esbarram nas barreiras comerciais e no elevado nível de protecionismo. Para economistas ouvidos pelo Poder360, a excessiva proteção tarifária tem limitado a competitividade das empresas nacionais e dificultado a modernização do parque produtivo, o que impede o país de dar um salto de eficiência e crescimento sustentável.
Rafael Cagnin, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), afirma que uma economia mais integrada ao mercado internacional criaria um ambiente mais favorável ao avanço da produtividade. Segundo ele, “o custo de proteção tarifária menor ajuda a modernização do parque produtivo e, consequentemente, o ganho de produtividade e competitividade”. Cagnin destaca que há uma ligação direta entre protecionismo, produtividade e competitividade, e defende a redução de distorções tarifárias e o estímulo a acordos comerciais.
Entre os principais desafios, o economista aponta o chamado custo Brasil, que encarece a produção e trava investimentos. Ele também defende políticas para qualificar as exportações, ampliar o acesso a financiamentos de longo prazo e melhorar a infraestrutura de transporte. “Não adianta abrir mercados se o custo logístico corrói a competitividade”, resume. Dados do Global Trade Alert mostram que o Brasil adotou 7.768 medidas protecionistas de 2009 a 2025, sendo o recorde durante o primeiro governo Dilma Rousseff (PT), com 2.850 intervenções.
Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), alerta que a falta de avanço na produtividade pode levar ao empobrecimento do país. “Se a gente não aumentar a produtividade brasileira, o Brasil vai empobrecer”, afirma. Ele lembra que, nas últimas quatro décadas, o crescimento médio da renda per capita foi de apenas 0,9% ao ano — sendo 0,5% provenientes do aumento da produtividade e 0,4% do bônus demográfico, que agora tende a desaparecer.
Ferraz também destaca o papel da Reforma Tributária como vetor de transformação estrutural. Para ele, a simplificação dos tributos sobre o consumo e o fim da guerra fiscal entre estados podem gerar ganhos de eficiência e melhorar a alocação dos recursos na economia. “A reforma vai impactar positivamente a produtividade, mas é preciso avançar em outras mudanças estruturais para manter o ciclo de crescimento”, avalia.
Com o bônus demográfico em queda e o cenário global mais competitivo, especialistas afirmam que o Brasil precisa acelerar reformas, abrir sua economia e reduzir custos internos para não perder espaço no comércio internacional. A produtividade, concluem, é o único caminho sustentável para garantir renda, desenvolvimento e prosperidade nas próximas décadas.
								
								
															



								
