É hora de falar seriamente sobre a liberdade no Acre

Falar de liberdade no Acre tornou-se um exercício de nostalgia. Houve um tempo em que o debate público, ainda que limitado, era movido por ideias, e não apenas por slogans de campanha ou frases de efeito fabricadas para as redes sociais. Hoje, quando se pronuncia a palavra “liberdade”, poucos a entendem. Outros tantos fingem entendê-la. E o restante, infelizmente, já desistiu de se importar.

O problema é que o Acre, como o Brasil, aprendeu a confundir política com teatro. Discute-se o poder, mas não o princípio que o legitima. Confunde-se liberdade com licença, responsabilidade com capricho, e Estado com pai. Fala-se muito em democracia, mas a democracia que se pratica é aquela em que se espera que o Estado resolva tudo: do buraco na rua ao fracasso pessoal. O cidadão virou súdito, e o governante, um prestidigitador de promessas.

Tivemos, é verdade, um lampejo de movimento liberal no Acre, tempos atrás. Um grupo de homens e mulheres honestamente dispostos a resgatar a lógica e a razão em meio à mediocridade política. Mas faltou lastro. Faltou alma popular. Transformaram a defesa da liberdade num exercício de erudição estéril, falavam difícil, sonhavam em inglês e esqueciam o português do povo. Esqueceram o chão da feira, o trabalhador da roça, o pequeno empresário que carrega o Estado nas costas sem jamais ser lembrado.

Enquanto isso, a vida real passou. O produtor rural seguiu sendo tratado como criminoso por produzir. O pai de família continuou pagando a conta de um governo que promete o céu e entrega o inferno burocrático. O jovem, sem escola que o forme nem trabalho que o dignifique, aprendeu a viver de favor, do Estado, do político, do assistencialismo que aprisiona em vez de libertar.

A liberdade não é uma palavra bonita para ser impressa em camiseta de manifestação. É uma exigência moral. É o direito de não ser tutelado. É o reconhecimento de que o homem, e não o governo, é o autor da própria vida. E enquanto o Acre continuar esperando que o poder resolva o que a sociedade deveria fazer, continuará pequeno, não em território, mas em espírito.

O que falta não é um novo partido, mas uma nova coragem. O que precisamos não é de mais discursos, mas de mais cidadãos. Liberdade não se mendiga. Liberdade se vive e se defende.

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