Boi gordo abre a semana “assustado” com silêncio da China; veja como está o preço da arroba

O mercado do boi gordo iniciou a semana em clima de apreensão. A ausência de uma posição oficial da China, principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, trouxe instabilidade e cautela aos frigoríficos, que reduziram o volume de compras e deixaram o mercado físico em compasso de espera.

Segundo análise da Safras & Mercado, o setor ainda reage às dúvidas sobre a continuidade do ritmo de exportações ao país asiático. “Enquanto não houver uma posição oficial por parte das autoridades chinesas, o cenário segue de indefinição”, explicou o analista Fernando Henrique Iglesias, destacando que em estados como Goiás e Mato Grosso ainda são registradas negociações pontuais acima das referências médias no mercado pecuário.

Preços da arroba do boi gordo seguem voláteis

O Indicador Datagro do boi gordo apontou queda na maioria das principais praças do país. Minas Gerais teve o maior recuo do dia, com a arroba cotada a R$ 310,91 (-0,59%), enquanto Goiás apresentou leve alta de 0,56%, chegando a R$ 317,54. Já São Paulo, referência nacional, manteve o maior preço do país, com R$ 322,73/@, seguido de Mato Grosso do Sul (R$ 321,69) e Mato Grosso (R$ 309,02).

De acordo com o levantamento da Scot Consultoria, o boi comum (sem padrão exportação) está sendo negociado em R$ 320/@, enquanto o “boi-China” é cotado a R$ 325/@. A vaca gorda e a novilha terminada são vendidas a R$ 298/@ e R$ 312/@, respectivamente — todos os valores brutos e a prazo.

Exportações começam o mês em ritmo acelerado

Apesar das incertezas diplomáticas, o desempenho das exportações segue aquecido. Dados da Secex, compilados pela Agrifatto, mostram que o Brasil embarcou 100,54 mil toneladas de carne bovina na primeira semana de novembro — o maior volume diário desde março. A média diária ficou em 20,11 mil toneladas, um salto de 82,5% em relação à semana anterior, com receita de US$ 554 milhões (média diária de US$ 110,8 milhões).

Esse avanço reflete o apetite do mercado internacional e mantém o viés de alta no mercado físico, mesmo diante da hesitação dos frigoríficos. O indicador Datagro paulista subiu 1,11% na última semana, chegando a R$ 322,96/@, enquanto o indicador Cepea teve média de R$ 322,71/@, com ganho semanal de 1,89%.

Atacado sustentado pelo consumo interno

No mercado atacadista, os preços continuam firmes, favorecidos pelo aquecimento sazonal da demanda — efeito típico do fim de ano, com pagamento do 13º salário, vagas temporárias e aumento das confraternizações. O quarto traseiro é negociado a R$ 25,00/kg, o dianteiro a R$ 18,75/kg e a ponta de agulha a R$ 17,75/kg.

A carcaça casada do boi gordo registrou alta de 1,8% na última semana, alcançando R$ 21,70/kg, o maior patamar das últimas 27 semanas. O traseiro bovino e a ponta de agulha valorizaram 1,87%, e o dianteiro subiu 1,79%, segundo a Agrifatto.

Expectativas para os próximos dias

Os analistas apontam que o cenário tende a permanecer volátil, com os preços da arroba oscilando conforme surgem novos sinais da China. No curto prazo, o mercado interno deve ajudar a sustentar as cotações, impulsionado pelo maior poder de compra do consumidor e pela oferta restrita de bois prontos para abate.

Em contrapartida, caso se confirme uma retração das importações chinesas, a tendência é de ajuste nas cotações nas praças exportadoras. Por ora, o setor segue “assustado”, mas firme, à espera de uma resposta que pode definir o rumo da arroba neste final de ano.

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