Legislativo quer contribuir, por meio de projeto de lei de Ribeiro, com melhorias na prevenção e nos cuidados com o nascimento de crianças prematuras
Benjamim nasceu com 25 semanas, pesando apenas 776 gramas. Foram 19 dias dentro de uma caixinha de vidro no hospital Santa Juliana. O acreaninho faz parte de uma estatística cruel, na qual apenas 5% das crianças que nascem prematuramente sobrevivem no Brasil, segundo números do Sistema Único de Saúde.
Benjamim venceu, graças ao esforço dos pais – Ulysses e Paula –, que têm razoável condições financeiras e conhecimento – e, lógico dos profissionais de saúde de excelência no estado. Mas a realidade em todo o país é diferente para muitas famílias em situação de vulnerabilidade.

A maioria morre nas primeiras 24h ou 48 horas, alertando para o debate em torno de políticas públicas que aumentem as chances de sobrevivência dessas crianças.
A administradora Paula Augusta de Barros Onety narrou a sua história na audiência pública promovida pelo deputado Eduardo Ribeiro, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), nesta sexta-feira, 14.
“O principal objetivo é ouvir quem passou por essa condição, as organizações não governamentais e autoridades no assunto, para que possamos avançar com políticas públicas que beneficiem essas famílias”, destaca Eduardo Ribeiro.

A audiência coincide com o ‘Novembro Roxo’, mês de conscientização para a prematuridade, cujo ápice das atividades acontece no próximo dia 17.
Por meio de videoconferência, Denise Leão Suguitani, diretora executiva e ativista da causa na ONG Prematuridade.com, acrescentou que em todo o país, todos os anos, ao menos 300 mil crianças nascem antes do período normal de nove meses de gestação, o equivalente a 12% de todo os nascimentos.
“Trata-se de uma epidemia silenciosa e, por vezes, inviabilizada por falta de esclarecimentos”, explica Suguitani.
Ela enumera algumas causas conhecidas como o estresse, idade materna avançada, doenças prévias e o procedimento de cesárea eletiva, que é o parto cirúrgico previamente agendado e realizado antes do início do trabalho de parto, sem uma necessidade médica de emergência.
A prematuridade é a primeira causa da mortalidade infantil.
O debate sobre enfrentamento da prematuridade no Acre, realizado pelo gabinete de Eduardo Ribeiro, tem o objetivo de construir políticas públicas no estado para atenuar problemas e apontar caminhos para a proteção desta condição na primeira infância.

SERVIÇO CANGURU
A médica pediatra Simone da Cruz Chaves, membro da Sociedade Acreana de Pediatria, pontua que o trabalho dos profissionais das duas maternidades de Rio Branco, a Bárbara Heliodora e a Santa Juliana, é considerado de excelência.
“Eles desempenham um serviço com a importância que proporciona um índice de cuidado muito semelhante aos oferecidos nos grandes países industrializados”, ressalta a profissional.
Exemplos como o da menina Vitória, que segundo ela, nasceu com 600 gramas e sobreviveu, ratifica o empenho de todos. “Do zelador e da zeladora aos enfermeiros e médicos, todos têm um papel de excelência, sobretudo, com o serviço Canguru, que acolhe essas crianças e as deixa saudáveis”, diz Simone Chaves.
Das discussões, serão emitidos subsídios importantes para a criação do projeto de lei de autoria do deputado Eduardo Ribeiro, que sancionado pelo governador Gladson Cameli, vai permitir melhorar ainda mais as condições de assistência e de prevenção ao nascimento de crianças prematuras no estado.
Participaram também da audiência estudantes de medicina, a médica Leuda Dávalos, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Acre, a médica pediatra Maria do Socorro, especialista em neonatologia, o médico Oswaldo Leal, professor universitário dos cursos de medicina no Acre e a representante da Secretaria de Estado da Mulher.






