Indicado nesta quinta-feira (21) para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), o atual advogado-geral da União, Jorge Messias, é um dos homens de confiança de Lula.
Ficou famoso em 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff disse a Lula em uma ligação gravada pela Polícia Federal (PF) que iria mandar o “Bessias” levar um termo de posse “em caso de necessidade”. Messias era subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República. O setor é responsável pelo assessoramento direto da presidente.
Na época, Lula era investigado pela Operação Lava Jato e uma eventual posse como ministro de Dilma daria foro privilegiado ao petista. O hoje presidente não assumiu um cargo no governo da sucessora e chegou a ser preso em 2018, mas teve a condenação anulada.
Nascido no Recife, Jorge Rodrigo Araújo Messias tem 45 anos e é procurador concursado da Fazenda Nacional desde 2007. Ele é formado em direito pela Faculdade de Direito do Recife (UFPE) e possui os títulos de mestre e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB).
O indicado por Lula também foi subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil, Secretário de Regulação e Supervisão do Ministério da Saúde e Consultor Jurídico do Ministério da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação. Também atuou na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e na Procuradoria do Banco Central.
Assumiu a AGU em 1° de janeiro de 2023, início do terceiro mandato de Lula. Três outros ministros do Supremo já estiveram no cargo: Gilmar Mendes, Dias Toffoli e André Mendonça
Casado de pai de dois filhos, Messias é evangélico e frequenta a Igreja Batista. A fé do indicado ao Supremo é vista como aceno de Lula, que tem dificuldade para ganhar popularidade entre os evangélicos.
Próximos passos
Após a indicação formal pelo presidente da República, o escolhido precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e, posteriormente, ser aprovado pelo plenário. Na CCJ, basta maioria simples; no plenário, a aprovação exige maioria absoluta, ao menos 41 votos.
O governo está preocupado com a possibilidade de que a indicação de Messias enfrente um tratamento semelhante ao que foi dado a André Mendonça. Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021, Mendonça enfrentou uma espera de quatro meses até ser sabatinado e aprovado para o STF, em um contexto em que a liderança do Senado não apoiou sua indicação. Mesmo assim, Lula decidiu bancar o nome de Messias, que é um dos homens de confiança do presidente,
O candidato preferido dos senadores — e apoiado pelo presidente Davi Alcolumbre (União-AP) — era Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Congressistas próximos a Alcolumbre disseram à coluna de Bruno Pinheiro que uma indicação diferente poderia ter “um grande atraso ou até mesmo ser rejeitada”.





