Projeção da CNC indica alta de 2,4% e o maior volume desde 2010.
A Black Friday de 2025 deve alcançar o maior resultado em 15 anos, segundo projeção divulgada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O levantamento aponta movimentação de R$ 5,4 bilhões, aumento de 2,4% em relação ao ano anterior e o melhor desempenho desde que a entidade passou a monitorar oficialmente a data, em 2010.
O cenário combina fatores positivos e limitações ao consumo. De um lado, a queda do dólar e o mercado de trabalho aquecido ampliam o poder de compra das famílias. Por outro, juros elevados e endividamento ainda alto freiam gastos, especialmente em produtos de maior valor. Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o resultado reflete equilíbrio, já que o câmbio favorece preços, mas também estimula compras internacionais.
Nos últimos 12 meses, a taxa média de câmbio recuou 8,3%, mantendo o dólar abaixo de R$ 5,30 e reduzindo custos em setores como eletrônicos e itens importados. O varejo também se apoia na melhora do emprego: o país registra o menor nível de desemprego da série do IBGE, e a massa real de rendimentos cresceu 5,5% no segundo trimestre, na comparação com 2024.
Apesar disso, a CNC alerta que o avanço deve seguir moderado. A taxa média de juros do crédito livre para pessoas físicas atingiu 58,3% ao ano, o maior patamar desde 2017. O endividamento alcança 30,5% das famílias, enquanto a inadimplência chega a 13,2%, limitando espaço para expansão mais robusta nas vendas.
Cinco segmentos devem liderar a movimentação: hiper e supermercados (R$ 1,32 bi), eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,24 bi), móveis e eletrodomésticos (R$ 1,15 bi), vestuário (R$ 950 mi) e farmácias e perfumarias (R$ 380 mi). Segundo a CNC, o consumidor está mais seletivo, compara preços ao longo do mês e antecipa compras, com forte presença do varejo digital, mas mantendo relevância do comércio físico em setores essenciais.
