A contribuição da família Leite para o Vale do Pajeú

A contribuição da família Leite no Vale do Pajeú é muito significativa. Desde o ano de 1756 que a Família Leite se estabeleceu, inicialmente no Piancó (PB), se estendendo posteriormente para Teixeira (PB), e se ramificando no Vale do Pajeú, especialmente no município de São José do Egito e cidades vizinhas.

Felippe Pedro de Souza Leite foi o primeiro prefeito constitucional de São José do Egito, nomeado no início da República, em 1892. A verdade é que a Família Leite ocupou o poder no município de 1892 até 1911 quando o Coronel José Ferreira de Santana (Cazuza Santana), em razão da ascensão de Dantas Barreto ao Governo de Pernambuco, mudou-se para o Ceará.

A família Leite ocupou o poder em São José do Egito por 19 (dezenove) anos. Cazuza foi prefeito duas vezes. Era genro de Felippe Pedro de Souza Leite, casado com Ursulina de Souza Leite. Cazuza também era parente do seu sogro. A mãe de Felippe Pedro de Souza Leite era Margarida Ferreira de Santana.

Mas a Família Leite não esteve no poder em São José do Egito apenas de 1892 a 1911. O pai do Padre João Leite (Cláudio Leite de Andrade), também foi prefeito de São José do Egito, creio que a partir de 1915. Evandro Perazzo Valadares é bisneto de Felippe Pedro de Souza Leite.

Essa importante família Leite, estabeleceu-se na região, mas é originária da Bahia. Veio para a região acima citada no objetivo de abrir fazendas de gado, como diz o autor do livro “A Coluna Prestes na Paraíba”, do Padre Manoel Otaviano. Com certeza adquiriu sesmarias no Vale do Piancó em razão de sua influência junto à Casa da Torre.

Conforme o livro acima citado, a família Leite teve grande destaque na Paraíba. Mantinha sempre representantes na Assembleia Legislativa do Estado e no Parlamento do Império e da República. O primeiro comentarista da Constituição do Império foi um deputado da Paraíba (França Leite).

Esse papel da importante contribuição da família Leite na Paraíba está bem documentado em livros. O mesmo não ocorre com o papel da família Leite aqui no Estado de Pernambuco, mormente em relação aos descendentes de José Pedro de Souza Leite e Margarida Ferreira de Santana.

Um dos filhos de José Pedro de Souza Leite, irmão de Felippe Pedro de Souza Leite, mudou-se de São José do Egito para Canhotinho, aí casando-se com uma moça da família Gueiros. Desse casal descendem um Governador de Pernambuco (Eraldo Gueiros Leite) e o primeiro Presidente do Superior Tribunal de Justiça (Evandro Gueiros Leite).

A família Leite do Pajeú tem vários membros socialmente projetados, no presente e no passado. Ao longo dos últimos cento e cinquenta anos tem mantido membros em cargos importantes no poder legislativo, executivo e judiciário. Em nível municipal, estadual e até federal.

Ocorre que ainda não conseguimos documentar a trajetória da família Leite, ao longo desses últimos cento e cinquenta anos, em um livro. Essa saga da família Leite precisa ser compaginada em um livro, como bem o fez Yoni Sampaio, escrevendo a genealogia da família Brito, no livro “O Inglês da Volta”, que está em sua segunda edição. Uma bela obra!

Ora, o inglês da Volta não tinha uma biografia documentada. Yoni Sampaio tirou leite de pedra. Foi reunindo pequenas reminiscências orais que lhes foram transmitidas por descendentes do inglês. Compaginou em um belo livro. Fez uma grande homenagem ao inglês da Volta.

Nós, da família Leite, ao contrário, o nosso ancestral que plantou uma grande descendência no Vale do Pajeú (Felippe Pedro de Souza Leite), teve 13 (treze) filhos, deixando uma enorme descendência na Região do Vale do Pajeú, e ocupou o importante cargo de prefeito de São José do Egito. Nos falta um escritor para tornar essa história de família indelével. Só é possível com um livro. O legado dos judeus à humanidade foi um livro (A Bíblia).

Faz alguns anos que fiz uma visita ao ex-ministro Evandro Gueiros Leite em Brasília. Aliás, muitos anos. Eu o visitei em 1995. Nessa ocasião lhe fiz um regalo, doando-lhe o livro “A Família Leite no Nordeste”, de um padre de Teixeira ou Desterro, não me recordo. Lembro do comentário do ministro. Acanhado disse que era muito modesto. Em outras palavras, quis dizer que a família merecia algo com mais conteúdo.

Chegamos a fazer dois ou três encontros da família Leite em Recife, em 2010 e 2011. Foram momentos muito agradáveis. Vez por outra encontro algum parente que me faz recordar dessas duas reuniões de família. Lamento que dessas reuniões não tenha saído uma proposta de realização de um projeto cultural para ser compaginado num livro genealógico.

Pois bem. Precisamos retomar essa proposta de reunião de família, que se traduza na realização de um livro para efeito de guardarmos essa importante memória de uma família que muito contribuiu para o processo civilizatório da Região do Vale do Pajeú.

Faz já algum tempo que tento localizar o túmulo de Felippe Pedro de Souza Leite no cemitério velho de São Jose do Egito. Não tive sucesso, ainda. Uma tristeza! Felippe Pedro de Souza Leite tem inúmeros bisnetos (eu sou um deles), em várias cidades do Vale do Pajeú (São José do Egito, Tabira, Tuparetama, Itapetim, Afogados da Ingazeira, Ingazeira), nenhum dos pais (netos de Felippe Pedro de Souza Leite), fez uma visita ao túmulo do avô para deixar a informação para a posteridade.

Eu tenho que admitir a impiedade cristã da família Leite. Não sabemos onde está o túmulo do nosso avô e bisavô. Estava vendo em que consistia a obra dos missionários capuchinhos no Vale do Pajeú. Uma das suas obras era construir cemitérios, como forma de se honrar a memória dos mortos. Rezarmos para eles. Dedicar-lhes lembranças amorosas. Pecamos nesse quesito de virtude da piedade!

Recentemente Jair Som me enviou o convite da Santa Missa de trigésimo dia do falecimento de Felippe Pedro de Souza Leite. Do convite consta todos os nomes dos filhos, genros, noras e viúvas. Em linguagem atual vou transcrever o convite para que todos que descendemos dele, saibamos nos localizar na árvore genealógica, no escopo de fazermos um próximo encontro da família em São José do Egito, em julho deste ano.

Segue a transcrição do convite da Santa Missa de trigésimo dia do falecimento de Felippe Pedro de Souza Leite:

FELIPPE PEDRO DE SOUZA LEITE

“Pedro Filippe de Souza Leite, Abílio de Souza Leite, Aprígio de Souza Leite, Ilídio de Souza Leite, Ernesto de Souza Leite, Gonçalo de Souza Leite, Argemiro de Souza Leite, Manuel Leite de Souza Tito, Maria Conceição de Souza Leite, Adelaide Clotilde Ferreira, Gertrude Maria do Espírito Santo, José Ferreira de Sant’Anna, João Batista Vieira de Mello e Manuel Baptista de Oliveira, agradecem de coração a todos que tiveram a bondade de acompanhar os restos mortais de seu sempre lembrado pai, irmão e sogro Felippe Pedro de Souza Leite, à sua última morada e de novo os convidam para assistirem à Missa do trigésimo dia de seu passamento, que terá lugar no dia 30 do corrente às 9 horas da manhã, na matriz da Vila de São José do Egito.

Pelo que antecipam os seus sinceros agradecimentos por mais este ato de religião e caridade”.

Sexta-feira, 29 de janeiro de 1909 (Diário de Pernambuco)

Portanto, em julho deste ano, podemos fazer mais um encontro da família Leite do Pajeú, já colocando em pauta o projeto de um livro de genealogia sobre os descendentes de FELIPPE PEDRO DE SOUZA LEITE.

Sinto-me devedor dessa homenagem à memória do meu bisavô e as gerações vindouras!

Por Valdir Perazzo Leite. Imagem de capa: Afogados da Ingazeira, PE.

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