O Acre foi o estado que menos investiu em saneamento básico no Brasil entre 2019 e 2023. É o que mostra levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Trata Brasil. No período, foram aplicados apenas R$ 55,58 milhões, valor que representa menos de 0,1% do total nacional, que superou R$ 25 bilhões.
Do montante investido no estado, R$ 6,76 milhões vieram de recursos próprios, R$ 34,21 milhões de empréstimos e financiamentos (fontes onerosas) e R$ 14,58 milhões de repasses da União (recursos não onerosos).
Rio Branco entre as piores capitais
Entre as capitais brasileiras, Rio Branco ocupa a terceira pior posição em saneamento básico, ficando à frente apenas de Porto Velho e Macapá — todas na região Norte. No ranking geral das cidades, a capital acreana aparece em quarto lugar, atrás de Santarém, Porto Velho e Macapá.

Os indicadores revelam a precariedade do serviço na capital acreana:
- Coleta de esgoto: caiu de 21,65% em 2019 para 19,91% em 2023;
- Atendimento de água: reduziu de 54,23% para 53,13%;
- Esgoto tratado: apenas 40,49% do volume coletado;
- Perdas na distribuição: 56,06%;
- Desperdício diário: cada ligação perde, em média, 829 litros de água.
Além disso, Rio Branco apresentou o menor valor médio anual de investimento por habitante entre todas as capitais: R$ 8,09. Para cumprir as metas do Marco Legal do Saneamento — que prevê universalização até 2033 —, seria necessário investir cerca de R$ 223,82 por habitante ao ano.
Situação no Acre
No estado como um todo, apenas 48% da população têm acesso à água potável e pouco mais de 10% contam com coleta de esgoto. Menos de 1% do esgoto é tratado.
Outro ponto crítico é a falta de planejamento: o Acre não apresentou a documentação exigida pelo Decreto 11.598/2023 para comprovar a capacidade econômico-financeira do Departamento Estadual de Água e Saneamento (Depasa). Também não existem projetos estruturados ou licitações em andamento para ampliar a rede de água e esgoto. Um acordo firmado com o BNDES em 2017, para preparar um projeto de ampliação, nunca saiu do papel.
Região Norte
A região Norte, como um todo, apresentou o menor volume de investimentos do país entre 2019 e 2023, com apenas R$ 4,87 bilhões — 4,7% do total nacional. Grande parte desse valor (67%) veio dos prestadores de serviço, enquanto os governos estaduais e prefeituras responderam pelos outros 33%, percentual bem abaixo da média nacional.
Essa limitação ajuda a explicar por que os indicadores da região ainda são os piores do Brasil. Cidades como Macapá, Porto Velho e Santarém apresentam índices de saneamento ainda mais críticos que os de Rio Branco.