Acre vira novo alvo da facção TCP que domina territórios no país

A facção conhecida por unir discurso religioso e atuação armada amplia territórios e se consolida como força emergente do crime no país.

O Terceiro Comando Puro (TCP), facção que mistura retórica religiosa ao tráfico, vem consolidando sua presença fora do Rio de Janeiro e alcançou novos estados, incluindo o Acre, segundo levantamentos da Agência Brasileira de Inteligência. A destruição de uma estrela de Davi instalada no Complexo de Israel, na zona norte carioca, durante operação policial, simbolizou menos uma queda de poder e mais o início de uma fase de expansão liderada por nomes como Álvaro M. S. Rosa, o “Peixão”, cuja trajetória permanece envolta em mistério.

Nos últimos meses, o TCP avançou sobre regiões antes ocupadas por grupos locais e passou a firmar alianças estratégicas, reproduzindo o movimento de nacionalização observado no CV e no PCC. As investigações apontam parcerias em estados como Ceará e Acre, onde a facção atua partilhando rotas, mão de obra e redes de apoio. Episódios de intolerância religiosa e práticas de extorsão, similares às exercidas por milícias, também foram registrados em áreas recém-ocupadas.

Autoridades de segurança relatam que o grupo opera com menos enfrentamento direto à polícia, o que facilita sua consolidação em territórios sensíveis. A aliança com o PCC ampliou o acesso a mercados internacionais e a armas de maior poder de fogo, reforçando o antagonismo ao Comando Vermelho e intensificando disputas que elevam o risco de explosões de violência. Em estados como o Ceará, comunidades inteiras foram esvaziadas em meio ao conflito entre facções, revelando a gravidade do cenário.

Pesquisadores destacam ainda o uso crescente de símbolos, discursos e rituais cristãos como instrumento de coesão e dominação territorial. O fenômeno, identificado como “narcopentecostalismo”, vai além da fé individual dos criminosos e se transforma em marca identitária da facção, justificando confrontos como “batalhas espirituais”. Essa retórica, segundo especialistas, cria unidade interna e continua atraindo adeptos, especialmente em regiões vulneráveis e no sistema prisional.

A expansão recente do TCP — agora presente do Rio ao Acre — acende alerta entre especialistas em segurança pública, que temem o agravamento de disputas territoriais e novos ciclos de violência. Para pesquisadores, o avanço da facção revela fragilidades estruturais do país e reforça a necessidade de estratégias coordenadas entre estados, sobretudo nas regiões onde o grupo acaba de se instalar. (BBC News Brasil)

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