Agro corre contra o tempo para conter o tarifaço de Trump

O agronegócio brasileiro está correndo contra o tempo para tentar frear os prejuízos causados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos (EUA) sobre produtos importados. Apesar do governo norte-americano ter incluído o setor de laranja e castanhas na lista de exceções, divulgada nesta semana, produtos como café, carnes, ovos, açúcar, mel, pescados e frutas tropicais seguem sujeitos à nova tarifa. 

O prazo para que a medida entre em vigor é 07 de agosto, conforme resolução da Casa Branca, publicada na quinta-feira 31. Anteriormente, segundo falas de Donald Trump, o tarifaço começaria a valer nesta sexta-feira, 01. 

Temendo os impactos nas cadeias produtivas, alguns setores se mobilizaram e pediram ao governo brasileiro linhas de crédito emergenciais. A medida está sendo estruturada. 

Carne bovina
Conforme noticiado pelo Agro Estadão, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que o país deixe de exportar, neste ano, 200 mil toneladas de carne bovina aos EUA, o que representa cerca de US$ 1 bilhão em perdas.

Além disso, segundo a entidade, a tarifa de 50% inviabiliza as exportações para o segundo maior mercado comprador. Diante da incerteza, alguns frigoríficos já interromperam a produção voltada ao mercado norte-americano, impactando o preço da arroba paga ao pecuarista. 

Pescados
Vislumbrando um impacto irreversível na cadeia de pescados, cerca de 10 dias antes da oficialização da tarifa, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) se antecipou e solicitou uma linha emergencial de crédito de R$ 900 milhões ao Governo Federal. O valor é para o capital de giro das empresas. 

A medida é apontada pela Abipesca como uma alternativa para que não haja uma ruptura na cadeia. Essa ruptura é temida pois os peixes da piscicultura que seriam endereçados ao mercado americano nos próximos meses já estão nos tanques. Segundo a Associação, a interrupção das exportações poderá desencadear uma onda de pedidos de recuperação judicial, uma vez que as empresas não terão capacidade de honrar seus compromissos financeiros

Enquanto o crédito, em análise no governo, não chega, produtores do interior de São Paulo freiam os investimentos e interrompem as exportações. 

Frutas
Temendo o efeito das tarifas sobre o setor de frutas, em especial a maga e a uva — com a colheita concentrada entre setembro e outubro para atender os EUA —, a Associação Brasileira de dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) não descarta solicitar uma linha emergencial de socorro ao governo federal.

A Abrafrutas entende que não há possibilidade de redirecionar essa produção para outros mercados, gerando uma perda total aos produtores. 

Esse é o temor dos agricultores no Vale do São Francisco, que consideram não colher a produção de manga este ano. Caso isso ocorra, as frutas podem apodrecer no pomar, precisando ser enterradas posteriormente. Conforme o produtor Amauri José Bezerra da Silva relatou ao Agro Estadão, a situação é de total incerteza e desoladora. 

Ovos
Devido à gripe aviária que atinge a produção norte-americana, o país elevou exponencialmente a importação de ovos do Brasil — mais de 15 mil toneladas embarcadas e uma receita de US$ 33 milhões no primeiro semestre de 2025. O volume exportado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, representou um crescimento de mais de 1.000% em comparação ao mesmo período do ano passado. 

Com isso, o setor de ovos também deve sofrer com as tarifas, mesmo que os embarques totais ao exterior representem menos de 1% da produção nacional. 

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