Agro gaúcho ainda não consegue mensurar tamanho dos prejuízos causados pela chuvarada

Os relatos que chegam do Rio Grande do Sul, por mais detalhados que sejam, não se aproximam da intensidade do desastre que acomete o estado neste momento e que já foi classificado como o pior da história pelo governador Eduardo Leite. Da soja às frutas, nada nos campos gaúchos ficou de pé. A força das águas carregou muitas lavouras, animais, máquinas, implementos, terra, insumos e o tamanho real dos prejuízos será possível mensurar apenas quando o pior passar. Além disso, até a publicação desta reportagem – o número de mortos já chegava a 37, além de muitos desaparecidos, feridos e desalojados. 

O setor não consegue nem ao menos começar a mensurar suas perdas, uma vez que as precipitações não cessam. E as previsões indicam a continuidade de volumes elevados, pelo menos, durante este final de semana. Há uma nova frente fria já no radar dos meteorologistas, como explica Amanda Sousa, meteorologista da Meteored BR ao Notícias Agrícolas, o que mantém o estado em alerta máximo. 

O Rio Grande do Sul, após três anos de secas severas ocasionadas pelo La Niña, se preparava para uma safra de soja de recuperação e bons resultados. No entanto, com algo como 30 a 35% de área ainda para ser colhida, a produção deverá registrar uma quebra considerável, já que os campos estão alagados, as lavouras debaixo d’água e se perdendo. Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmam que as perdas poderiam ficar entre 10% e 15%. 

“O Rio Grande do Sul já tinha quase 70% da área colhida no início desta semana, portanto. os efeitos diretos ainda estão sendo avaliadas, mas certamente teremos redução do potencial produtivo”, afirmou a Pátria Agronegócios. O presidente do Sindicato Rural de São Borja, Tomáz Olea, falou ao Notícias Agrícolas sobre o sentimento de frustração que dominou o setor nas últimas semanas.

“A situação aqui é muito preocupante porque nós viemos de dois anos de seca, ainda tentando receber o seguro da safra 2022/23 e 2021/22, frustração muito alta nestas duas safras. E este ano, em que as lavouras estavam um pouco melhores, na época da colheita, essa chuva toda, mais de 500 mm. Então, já temos lavouras que não serão possíveis colher, mais de 50% da área de soja do município ainda não foi colhida. Muito arroz acamado e agora ele começa a brotar, também vai ter perdas”, diz. 

Olea ainda relatou sobre as estradas intransitáveis, todos os acessos comprometidos pela perda de pontes, deslizamento de terras, e demais estragos – com produtores tendo de ampliar suas rotas em até 150 quilômetros para serviços de armazenagem e secagem dos grãos -, além dos problemas burocráticos que já vinham sendo sentidos pelo governo. 

“O governo do estado nos sinalizando com aumento de impostos, o governo federal não nos recebe, não quer conversa com o produtor. O máximo que conseguimos foi conversar com o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. O ministro da Agricultura, o ministro Haddad e o presidente Lula não temos interlocução nenhuma hoje”, afirma o presidente do sindicato.

A liderança destaca também a importância dos decretos de emerência ou calamidade pública para que os compromissos financeiros destes produtores seja revista. “Isso serve para podermos negociar com os nossos credores, de maneira que a gente possa cumprir, porque o prejuízo econômico está feito”.

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