Na COP30, o governo brasileiro apresentará o Plano Clima, documento que define as medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2035, como parte das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) assumidas internacionalmente pelo país. O texto, porém, já vem gerando críticas dentro do setor agropecuário.
O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e enviado especial do agro para a COP30, Roberto Rodrigues, destacou que o plano inicialmente atribuía responsabilidades indevidas ao setor. “Quando há desmatamento ilegal ou invasão de terras, isso não é do agro. Então o agro estava recebendo responsabilidades que não são dele. Nós achamos ruim, não era justo, não era adequado. O governo está revendo essa discussão para trazer um Plano Clima mais honesto, mais justo e consistente com as obrigações que o Brasil já cumpre”, explicou.
Rodrigues ressaltou ainda que o agronegócio brasileiro já desempenha um papel fundamental na redução de emissões, por meio de práticas como agricultura regenerativa, integração lavoura-pecuária-floresta, pecuária de corte com manejo sustentável e expansão de florestas plantadas. Para ele, o plano precisa reconhecer esses avanços. “Estamos promovendo sistemas que contribuem efetivamente para a redução de emissões”, acrescentou.
Outro ponto de crítica foi a ausência de clareza sobre financiamento. “O texto fala em financiamento, mas não diz de onde vem o recurso e de quanto será. Então fica um pouco etéreo em termos de resultados para a agricultura. Responsabiliza, mas não traz vantagens para quem cumpre com suas obrigações”, avaliou.
Defendendo um plano mais equilibrado e transparente, Rodrigues reforçou que o setor agro não pode ser sobrecarregado diante de outros segmentos, como energia e transporte, que também têm peso decisivo no cumprimento das metas ambientais do país.