Aliados de Tarcísio de Freitas não veem grandes impactos nos planos do governador de São Paulo para 2026 após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do filho dele, o deputado Eduardo Bolsonaro. Para auxiliares, o chefe do Executivo paulista tem uma posição confortável, já que nunca se colocou publicamente como candidato à Presidência da República e tem vantagem caso dispute a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira (22) mostra que a gestão de Tarcísio é aprovada por 60% da população. Além disso, 56% acreditam que ele “merece ser reeleito”. Ele também lidera com 43% nas intenções de voto conta o vice-presidente Geraldo Alckmin, com 21%. Os resultados foram vistos com bons olhos pelo entorno do governador, que defendem o plano de reeleição. “Tarcísio tem muitas entregas para fazer nos próximos anos. Centro administrativo, linhas de metrô e trem, obras. Ele vai sair ainda mais consolidado se permanecer em São Paulo”, diz uma pessoa próxima.
Além disso, os aliados entendem que as mensagens entre a família Bolsonaro divulgadas recentemente pela Polícia Federal (PF), que citam o governador de São Paulo pelo menos 30 vezes, não produziram grande impacto. A avaliação é que, em nenhuma mensagem, o ex-presidente se afasta de Tarcísio ou concorda com as críticas do filho, Eduardo, o que demonstraria um aval a uma eventual candidatura de Tarcísio ao Planalto ou, pelo menos, reforça a boa relação e a lealdade entre Tarcísio e Jair. Já as críticas de Eduardo ao chefe do Executivo paulista foram consideradas como pouca ou nenhuma novidade. “Não tem nada muito diferente do que já vinha acontecendo em público, nas redes sociais”, destaca um assessor. “Não existiu fator supresa”.
Inclusive, o entorno de Tarcísio comemorou a resposta do governador à imprensa sobre o assunto. Ele nem cita o nome de Eduardo, reafirma o apoio a Bolsonaro e critica as investigações: “Primeiro eu não vou comentar uma conversa privada de pai para filho, é uma conversa privada de pai para filho, é uma questão que só interessa aos dois, e eu não sei nem porque essas conversas foram divulgadas, isso realmente, não vejo interesse público nisso. Segundo, a minha relação com o Bolsonaro vai ser como sempre foi: relação de lealdade, de amizade, de gratidão com uma pessoa que eu entendo fez muito pelo Brasil e fez muito por mim. Me abriu a porta, sempre foi muito amigo e eu vou ser amigo, vou estar sempre do lado, vou estar sempre trabalhando para ajudar na medida do possível”, disse, em agenda no interior nesta quinta-feira (21).
A leitura, portanto, é de que a crise não afetou diretamente o governador. Segundo aliados, Tarcísio conseguiu permanecer com o apoio o ex-presidente sem se comprometer e, apesar de certo “conforto” para a disputa a reeleição por São Paulo, também não teve a candidatura ao Planalto descartada no ano que vem. Partidos do Centrão, além de empresários, gostam da postura mais moderada do governador – e acham que a crise no clã Bolsonaro pode ser um bom momento para firmar o nome de Tarcísio como candidato oficial.