Alô, PP. Muita calma nessa hora…

Depois da visita de dois dias de Jair e Michelle Bolsonaro à Rio Branco, onde foram ovacionados justificando a popularidade do ex-presidente estimada nas pesquisas em níveis superiores a 60%, assim, meio de repente, os aviões dos ministros de Lula começaram a fazer fila de aterrisagem no aeroporto Plácido de Castro. É claro que isso não acontece por acaso. Publicamente, a justificativa é que estão vindo deixar dinheiro para nutrir a combalida capacidade de financiamento do estado perante as demandas crescentes. Na realidade, as notícias são uma cifra e uma manchete, sem maiores detalhes sobre a destinação, os projetos, o prazo, as condicionantes, os resultados esperados etc.

Seguramente, tal não ocorre por acaso. Trata-se, obviamente, de uma ação concertada politicamente em um momento de definição de alianças e candidaturas. Até o ex-Governador Jorge Viana, czar da esquerda acreana, deu um tempinho em suas viagens internacionais para ciceronear ministros em agendas que não tem nada a ver com a APEX da qual é presidente.

Bem se poderia dizer que se trata de um assédio coletivo. Praticamente todas as cabeças coroadas da esquerda, atualmente aboletadas em cargos federais fartamente disponibilizados pelo companheiro Lula, estão dando as caras na “aldeia”. O governador Gladson Cameli, que de besta não tem nada, aproveita e flerta com um possível apoio ao candidato do PT no MDB, Marcus Alexandre Viana, o que levaria Alysson ao cadafalso.

Faz bem o Governador em comprometer o governo federal com o anúncio de liberação de recursos a torto e a direito, afinal, dado o déficit astronômico já contratado para 2024, dinheiro é o que não falta e, como se diz popularmente, do cavalo dado não se olha os dentes. A rigor, os valores anunciados ainda são uma ninharia quando comparados aos dispêndios do governo perdulário.

A pergunta que se faz é se o objetivo real do assédio será alcançado. Os números da pesquisa Real Time Big Data publicados nesta quarta-feira (10/04) colocaram os lulopetistas com as barbas de molho e em posição de ataque. A vertiginosa queda de popularidade do Marcus e, ao mesmo tempo, o crescimento dos índices de Tião Bocalom, colocam a disputa em condições de igualdade na partida, fazendo com que o apoio do Gladson seja tido como fiel da balança. Não por outro motivo, a candidatura PT-MDB oferece os anéis ao PP, desde que salve os dedos.

Na contabilidade política, porém, as entradas e saídas precisam fechar. Além das promessas de recursos e do compadrio de ocasião, o que ganharia o PP numa eventual vitória? Um lugar de vice? Compromissos precários, a maioria falsos, para 2026? Parece pouco. O que perderia? Bem, aí são muitas as linhas na planilha.

Em primeiro lugar, uma inclinação objetiva do PP à esquerda deixaria para trás dois vereadores que não comem na mesma bandeja do PT. Em segundo, destruiria o discurso tradicional do partido cujas origens remontam à ARENA e ainda é marcado por posições conservadoras. Em terceiro, faria seus eleitores, militantes, admiradores etc., se misturarem aos adversários de décadas, gerando obvia insatisfação e abandono. Em quarto, representaria um dissenso importante em nível nacional, já que a alta direção partidária se alinha contra o PT. Em quinto, alteraria a composição de forças no interior do estado, incluindo aí deputados, a partir da contradição imposta. Em sexto, implicaria na abertura do governo estadual aos novos aliados lulopetistas, alterando drasticamente a composição e o rumo do governo. Em sétimo, atrairia o desconforto da maior parte dos eleitores sabidamente Bolsonaristas. Em oitavo, coloca em posição incômoda quem até outro dia acusava o Governador de desvio de centenas de milhões de reais. Fico por aqui e deixo que os leitores completem a listinha.

É claro que, de tão enviesada, essa possibilidade nem prosperaria se não houvesse nas próprias hostes do governo, quem trabalhasse nos bastidores com esse objetivo. Talvez até seja este um dos motivos pelos quais a candidatura do Alysson “não decola”, ou seja, quanto mais fraca se apresentar qualquer postulação governista à PMRB, mais susceptível se encontrará o próprio governo ao flerte lulopetista que, no limite, chegou a emprestar seu Ás de Ouros ao adversário tradicional, o MDB.

Longe de ser conselheiro de quem quer que seja, apenas como observador, diria aos envolvidos que tenham muita calma nessa hora. Há quem deseje, por interesses inconfessáveis, amarrar o burro na sombrada árvore lulopetista para em 2026 sapatear sobre o cadáver do PP. Fica o aviso.

Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor Percival Puggina e outros sites. Quem desejar adquirir seu livro “Desaforos e Desaforismos (politicamente incorretos)” pode fazê-lo por este LINK

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