Sempre me queixei dos políticos acreanos, especialmente daqueles que se autodeclaram de direita. Uns repetem termos que ouviram em vídeos de internet, outros fingem entender conceitos que jamais estudaram, mas a maioria apenas surfa na onda. Aproveitam-se do fato de o Acre ser um dos estados mais antipetistas do país e imaginam que isso, por si só, basta como identidade política. Não sou eu quem diz. Os números dizem. Quem discordar que brigue com eles, não comigo.
O problema é que antipetismo não é projeto de poder, nem substitui ideias, muito menos formação intelectual. Ser contra algo é fácil. Difícil é saber a favor de quê se está. Por isso chamou atenção, de forma positiva, a fala do senador Alan Rick, pré-candidato ao governo do Acre, em participação no podcast Papo Informal, apresentado pelo jornalista Luciano Tavares. Ali, ao contrário do discurso vazio tão comum, houve conteúdo, coerência e, sobretudo, noção do que se estava defendendo.
Ao afirmar que se identifica com o liberalismo econômico e o conservadorismo nos costumes, Alan fez algo raro na política acreana: explicou o que isso significa na prática. Defendeu um Estado menor, mais eficiente, com serviços públicos modernizados, e foi além do slogan. Questionado sobre o que seria esse Estado menor, falou em reduzir estruturas inchadas, discutir o tamanho do Congresso e adotar modelos de gestão baseados em meritocracia e eficiência. Não há nada de revolucionário nisso. Há apenas bom senso administrativo, que anda em falta por aqui.
O senador citou a gestão de Tarcísio em São Paulo como exemplo concreto, mencionando a privatização da Sabesp, a redução do tamanho da máquina pública e a adoção de critérios meritocráticos no serviço público. Trouxe o debate para a realidade acreana ao criticar a ineficiência crônica da Saneacre e do Saerb, lembrando que o Acre está atrasado em relação ao restante do país ao não adotar concessões e parcerias público-privadas no saneamento. Não se trata de ideologia, mas de entregar serviços que funcionem para a população.
Mais interessante ainda foi a conexão feita entre liberalismo econômico e ética cristã. Ao citar Max Weber e a Ética Protestante, Alan tocou num ponto que muitos conservadores de fachada ignoram. Desenvolvimento econômico não é inimigo da moral, da fé ou da responsabilidade social. Pelo contrário. Ao lembrar João Calvino e as reformas em Genebra, inclusive no saneamento, o senador mostrou que compreende que valores se expressam em ações concretas, inclusive na gestão pública.
É disso que o Acre precisa. Não de políticos que apenas repetem palavras de ordem, mas de homens públicos que saibam o que dizem, entendam o que defendem e consigam articular ideias com a realidade. O estado já perdeu tempo demais com improviso, retórica vazia e oportunismo eleitoral. Ter mais políticos que falem com clareza, fundamento e responsabilidade, como Alan Rick demonstrou nessa conversa, não é virtude excepcional. É o mínimo esperado. O problema é que, por aqui, o mínimo ainda parece muito.



