Antônia Sales reforça apoio à audiência pública para combater isolamento de comunidades no Acre

Em pronunciamento na sessão desta quarta-feira (5) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), a deputada Antônia Sales (MDB) manifestou total apoio ao requerimento apresentado pelos deputados Pedro Longo (PDT) e Tanizio Sá (MDB), para a realização de uma audiência pública que discuta soluções para o isolamento de milhares de acreanos. A parlamentar ressaltou que o problema persiste há décadas e exige uma mobilização conjunta de autoridades estaduais e federais.

“Me uno e reforço esse pedido, porque conhecemos a dificuldade que o povo do interior enfrenta todos os anos. Décadas se passaram, e essa população continua isolada. Precisamos envolver os parlamentares, os órgãos ambientais e levar esse grito de socorro até Brasília, junto com o governo do Estado e nossa bancada federal”, declarou.

A emedebista destacou ainda a necessidade de infraestrutura viária para conectar os municípios mais remotos, como Santa Rosa do Purus. “Não estou falando de uma estrada grande, mas de um ramal que permita a locomoção digna dessa população. Esse povo vive há muitas décadas isolado. No verão, eles chegam a atravessar os rios a pé, empurrando canoas. Se alguém precisa de atendimento médico urgente ou até de comida, são dois ou três dias de viagem até Manoel Urbano, e de lá ainda precisam vir para Rio Branco”, explicou.

A deputada também enfatizou que essas comunidades deveriam ser valorizadas, pois são essenciais para a preservação da floresta. “Eles não deveriam ser castigados com o isolamento, mas sim premiados, porque são os verdadeiros guardiões da floresta. São eles que mostram que aqui tem brasileiros, mantendo a presença acreana na fronteira com o Peru”, destacou.

Realidade difícil e riscos diários

Antônia Sales também alertou para as dificuldades extremas que os moradores enfrentam, incluindo a falta de acesso a água potável, medicamentos e transporte seguro. “Aqui nós temos tudo. Eles nem água limpa têm para beber. Quando adoecem, só podem contar com um chá e a esperança em Deus, porque muitas vezes nem médicos chegam até eles”, lamentou.

A deputada relembrou um recente acidente envolvendo uma balsa em Manoel Urbano, que resultou na morte de um jovem morador de Santa Rosa do Purus. “Ele havia ido visitar a família e voltava para comprar alimentos quando se chocou com a balsa. Canoa de rabeta não tem ré. Foi uma fatalidade que poderia ter sido evitada se houvesse infraestrutura adequada”, afirmou.

Índios também querem desenvolvimento

Outro ponto abordado pela parlamentar foi a necessidade de rever as justificativas ambientais que impedem o progresso na região. “Muitas ONGs dizem que essas estradas não podem ser construídas porque impactariam as comunidades indígenas. Mas eu mesma estive em uma aldeia na fronteira com a Serra do Moa e vi que os indígenas querem desenvolvimento. Eles tinham telefone, internet, banheiro, até gado. Com um recurso que consegui para eles, compraram uma roçadeira para manter tudo limpo. Eles me disseram: ‘Quem diz que índio não quer desenvolvimento está mentindo. Nós queremos sim’”, relatou.

Antônia Sales concluiu sua fala reafirmando a necessidade de união entre os deputados para solucionar o problema. “Não podemos permitir que nosso povo continue escravo da miséria e do atraso. Precisamos agir para garantir dignidade a essas famílias”, finalizou.

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