Esse livro é a reunião de uma série de palestras dada por Ludwig von Mises na Universidade de Buenos Aires, a convite do Dr.Alberto Benegas Lynch, em 1958.
De uma maneira clara e objetiva – e isso, Mises sabia fazer muito bem – objetivo das palestras era introduzir os argentinos sobre o capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, investimento externo e o papel das ideias para se ter mais liberdade.
A esposa de Mises, Margit von Mises, que estava acompanhando ele nas palestras, conta como foi a experiência dos argentinos:
“O auditório reagiu como se uma janela tivesse sido aberta e o ar fresco tivesse podido circular pelas salas. Ele falou sem se valer de quaisquer apontamentos. Como sempre, seus pensamentos foram guiados por umas poucas palavras escritas num pedaço de papel. Sabia exatamente o que queria dizer e, empregando termos relativamente simples, conseguiu comunicar suas ideias a uma audiência pouco familiarizada com sua obra de um modo tal que todos pudessem compreender precisamente o que estava dizendo’’. [1]
Após o falecimento de seu marido, Margit encontra um manuscrito dele contendo essas palestras e tem a ideia de publicá-los com a ajuda de George Koether, um editor de livros e grande admirador de Mises, para que as pessoas mais leigas, em se tratando de política econômica, pudessem ter um material em mãos que fosse esclarecedor e ao mesmo tempo inspirador na busca de conhecimento.
Ao longo do livro é exposto os fatos históricos, os significados e conclusões a respeito capitalismo, socialismo, intervencionismo, investimento externo e o papel das ideias para a liberdade.
No capítulo 1, Mises explica que o capitalismo não tem nada a ver com exploração de um homem sob o outro, muito pelo contrário, o capitalismo é o empreendimento do uso de recursos que são escassos na produção de bens e serviços para a satisfação dos consumidores, sendo assim, o núcleo do capitalismo é a ação empreendedora para a satisfação das necessidades urgentes dos clientes.
No capítulo 2, ele mostra que o socialismo é a tomada de decisões de maneira centralizada pelo governo e que a propriedade privada, as escolhas e as condições- se irão ser baixas ou altas- que as pessoas terão que viver nesse sistema, está sujeita ao governo central.
Já no terceiro, o economista austríaco disserta sobre as tomadas de decisões do governo sob o mercado com a justificativa de aquecer a economia e fazer correções naquilo que ainda não está eficazmente satisfazendo as necessidades dos consumidores. Um outro ponto interessante é a demonstração de como o governo prejudica a poupança, consumo e investimento das pessoas quando ele decide congelar – ou tabelar, como você preferir – os preços dos produtos e serviços com desculpa de combater os preços abusivos. Até o fim desse capítulo, é possível perceber que quanto levada a níveis extremos, essa intervenção governamental resulta na falta de bens e serviços demandados pelos consumidores.
O quarto capítulo trata da inflação. Nele, é desmistificado a crença de que a inflação é o aumento de preços de bens e serviços, quando na verdade, a inflação é a expansão monetária, isto é, a impressão de papel-moeda que é feita por bancos centrais- no Brasil, isso é feito pelo Banco Central do Brasil e nos Estados Unidos é realizado pelo Federal Reserve System (FED) – e que a alta de preços é a consequência da inflação. Outra coisa que também é desconhecida pelo público em geral é o fato de que quando o governo faz isso, a vantagem está com aqueles que têm em primeira mão esse dinheiro recém impresso- podem ser funcionários do governo, pessoas que recebem algum dinheiro de programas sociais e etc.
Em Investimento Externo, o teórico disserta sobre o quão importante isso foi para que outros países, que antes eram subdesenvolvidos, chegassem ao patamar de desenvolvidos. Isso porque, esse é um meio de compensar a falta de capital- recursos financeiros que serão usados como meio para serem produzidos bens e serviços – que um dado país [2] têm devido ao uso exacerbado, má alocação e não-poupança de capital.
No capítulo final, Mises nos mostra que o melhor caminho para que um país seja mais livre é uso de ideias bem fundamentadas para a defesa e promoção das liberdades. Inclusive, é nesse capítulo que você vai encontrar uma de suas famosas frases: ideias, somente ideias podem iluminar a escuridão. Além disso, ele demonstra que ao longo da história, os parlamentares que antes eram quem mantinham o governo limitado, agora cedem aos grupos de pressão que querem conquistar vantagens sob os outros habitantes de um dado país. Como consequência, a causa da liberdade acaba sendo prejudicada e diante dessa situação, a recomendação dele (Mises) é usar boas ideias e agir para que a liberdade não seja perdida para a coerção.
Esse livro ajuda a entender como Mises pensava, e mais que isso, ele é fundamental para quem quer conhecer o pensamento Liberal de uma forma introdutória e sem nenhuma linguagem que dificulte a compreensão do que foi escrito.
Notas
[1] Prefácio de As Seis lições de Ludwg von Mises. Trad. Maria Luiza Borges; 7° Edição; São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2009.
[2] Uso esse termo referente às pessoas residentes de um país e que empreendem nele.
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Por Luís Henrique da Silva. Libertário, cofundador da Aliança de Libertários do Acre (ALA) e admirador das ideias objetivistas de Ayn Rand e conservadoras de Roger Scruton.