O presidente da Federação da Agricultura do Acre (Faeac), Assuero Veronez, dá uma contemporizada em relação aos embargos de terras acreanas feitos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas não nega que é preciso chegar a um meio termo para evitar uma tragédia econômica no Estado. Em entrevista ao site AcreNews, Assuero comenta sobre o assunto.
Presidente Assuero, como a Federação da Agricultura está acompanhando o desenrolar desses embargos de terras?
Assuero Veronez – O que está ocorrendo é uma operação do IBAMA desencadeada a mando do Ministério do Meio Ambiente. Pra de um lado coibir o desmatamento, tentando derrubar os índices de desmatamento ilegal que que tinham recrudescido nos últimos tempos e, de outro lado, aproveitando para agir sobre as áreas desmatadas de qualquer tempo, de décadas ou mais recentes, tanto faz, mas todas elas com áreas embargadas, que foram objetos de desmatamento ilegal. E, foi identificado que nas áreas embargadas, muitas delas estão sendo ocupadas, sendo usadas pra atividade econômica, especialmente pecuária. E foi concedido um prazo inicialmente de cinco dias e, me parece que agora, pra 20 dias pra se retirar o rebanho. É uma tarefa de difícil realização porque as pessoas não tem aonde colocar o gado e caso não retirem eles serão confiscadas pelo pelo poder público. Tem que considerar a gravidade da situação. Há um clima já de certo desespero dos produtores, que entendem que tá havendo um terror e que certamente vai fazer com que tenha consequências econômicas e sociais bastante graves.
Onde a situação é mais crítica no Acre?
Assuero Veronez – Especialmente naquela região ali que é de Acrelândia, porque ali abrange os três estados aí, né? O Acre ali na ponta do com Rondônia, região de Extrema, Vista Alegre e o sul do Amazonas, de Lábrea até Apuí. Então, repetindo, ao ao tentar agir para derrubar os índices de desmatamento e, isso é uma demanda muito forte da área ambiental brasileira, que tem essa preocupação em mostrar índices menores ou quase nulos sobre desmatamento, porque é uma demanda internacional, tudo mais que a gente sabe, mas a gente tem que entender que o Estado, a União foram lenientes com essas práticas irregulares.
Os produtores foram ocupando áreas, estruturando suas fazendas, suas propriedades, tem lá o seu gado, sua atividade econômica, repercute nas cidades e agora se dá um prazo muito exíguo pra regularizar. O Estado não foi competente pra fazer a regularização dessas áreas e temos uma situação gravíssima agora, né?
Nós vamos assistir certamente um desastre econômico e social, onde as injustiças praticadas serão de grandes proporções. A solução passa por uma ação política. Eu acho que não se negocia a questão do desmatamento, ou seja, os desmatamentos futuros tem que ser parados, pra que não continue a mostrar números que que são problemáticos pra gente, pro país, mas de outro lado as situações já estabelecidas tem que se buscar uma situação menos traumática possível pra pra essa solução e isso depende basicamente de uma ação política, negociada de forma que esses produtores que estão assustados com toda essa repercussão, que possam achar uma forma de legalizar as suas propriedades ainda que restem algum ônus, multa e etc.
Então é isso! Quer dizer: nós estamos ainda trabalhando com isso, a bancada federal nossa sob a liderança do senador Alan Rick, que é o líder da bancada, de também se, possível, juntar Amazonas e Rondônia também às bancadas pra que a gente leve ao órgão ambiental federal a busca de uma solução. Como eu já disse, menos traumática.
Vamos ver como que isso se desencadeia, mas de qualquer forma hoje nós já temos aí uma movimentação, uma mobilização muito grande de produtores que estão, de certa forma, bastante preocupados e caso não se resolva de forma adequada e que as propriedades desses produtores, especialmente os pequenos. Nós vamos ver uma situação e a consequência, sobre as cidades, inclusive, pela redução da econômica e aumento da pobreza.