BC mantém incertezas quanto calibragem dos juros

Vamos encerrando o ano com perspectivas ainda não muito animadoras quanto ao início, duração e intensidade dos cortes dos juros básicos. Sem questionar os impactos da política monetária contracionista, o fato é que o BC trabalha com incertezas quanto ao efetivo andamento da economia e as condições para uma convergência mais rápida da inflação para a meta, de 3%, que é o que poderia assegurar uma maior flexibilização. No Relatório de Política Monetária, divulgado nesta quinta, o BC elevou as projeções de crescimento da economia — de 2% para 2,3% para 2025; e de 1,5% para 1,6% em 2026. Até aí se confirma a tendência de perda do ritmo de atividade por conta dos juros e para um patamar que, não necessariamente, sustenta a inflação em patamar mais alto.

O problema mesmo são as projeções do BC para a inflação, o horizonte para a convergência para o centro da meta. De acordo com o documento, a inflação vai estar entre 3,2% e 3,1% no terceiro e no quarto trimestre de 2027, devendo chegar no 3% apenas no começo de 2028. Isso na prospecção de cenário com base em determinados parâmetros, que podem se alterar em prazo maior.

Vale lembrar que haverá eleições no ano que vem e o cenário econômico pode sofrer influências, com instabilidades do mercado financeiro, por exemplo. E o dólar pesa na formação de vários preços. Além disso, com o Banco Central trabalhando com o horizonte maior para inflação chegar à meta, não se pode descartar a possibilidade de mudanças na gestão da economia, no próximo governo, seja quem for o vitorioso, que altere o cenário esperado. Uma eventual reorientação, que possa melhorar ou piorar as condições de evolução da inflação e, consequentemente, dos juros.

Por ora, como disse o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não há porta fechada nem seta dada para as próximas reuniões do Copom. O BC não tem escondido pistas, segundo ele. Na verdade, não tem nenhuma pista para dar. O que é um bom termômetro do grau de incertezas com as quais o Comitê vem calibrando os juros. Para o mercado isso acaba consolidando a percepção que não haverá corte em janeiro. Em março, vai depender dos dados divulgados até lá.

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