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Bezerro fica acima de R$ 400/@, mas pecuarista invernista não perdeu margem; Será?

O mercado de reposição está aquecido em 2024, especialmente no Mato Grosso do Sul, onde o preço do bezerro voltou a ultrapassar os R$ 400 por arroba. Esse patamar não era registrado desde fevereiro de 2022, marcando o maior valor nominal para o mês de novembro e reforçando sinais claros de recuperação. O cenário reflete a valorização consistente do boi gordo, o crescimento das exportações de carne bovina e o início de um novo ciclo de alta na pecuária brasileira.

De acordo com os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço médio da arroba do bezerro na parcial de novembro de 2024 alcançou R$ 412,70/@, superando o recorde histórico do mês, registrado em 2011. O movimento de alta já dura quatro meses consecutivos e sinaliza uma recuperação consistente do mercado de reposição.

Mesmo com o aumento no custo de reposição, a relação de troca entre bezerros e boi gordo continua favorável. Atualmente, são necessários 2,63 bezerros para adquirir um boi gordo de 20 arrobas, a melhor relação desde 2019. Isso evidencia que, apesar da valorização, as margens dos pecuaristas invernistas permanecem preservadas.

Para Felipe Fabri, da Scot Consultoria, o momento é oportuno para garantir a reposição com melhor margem. “Para o recriador o momento é interessante, com maior incremento no preço do boi gordo e a reposição a um preço ainda interessante – ou seja, o ágio do bezerro está menor atualmente, em função da valorização mais intensa da arroba do boi”, apontou o especialista.

“Se confirmada a expectativa de um mercado firme para os próximos anos, muita atenção na reposição do plantel. Faça o necessário e foque, principalmente, no sistema produtivo – claro, aqui a nossa conversa está de olho na pastagem, o principal sistema de produção no Brasil”, alertou Fabri. 

O que é o ágio do bezerro?

O ágio do bezerro é o diferencial entre o preço da arroba do bezerro e o preço da arroba do boi gordo. Ele representa a valorização do bezerro frente ao boi gordo, principalmente em períodos de alta procura por animais de reposição.

Atualmente, com o bezerro cotado em R$ 412,70/@ e o boi gordo em torno de R$ 340/@, o ágio está em aproximadamente 21%. Apesar de parecer um custo adicional, a relação de troca favorável tem mantido as margens positivas para os invernistas. O ágio é um indicador essencial para o planejamento estratégico de compra e venda, refletindo o equilíbrio do mercado.

Impactos no mercado do boi gordo

A valorização do boi gordo tem impulsionado o mercado de reposição, gerando um efeito cascata. Segundo Leandro Bovo, CEO da Radar Investimentos, o aumento no preço do boi gordo permite que os pecuaristas tenham maior poder de compra, o que eleva os preços dos bezerros.

Bovo aponta que o ciclo de alta na pecuária deve se intensificar em 2025, com a oferta de bezerros reduzida pelo fechamento da “fábrica de bezerros”. Além disso, o crescimento nas exportações de carne bovina, especialmente para a China, tem aquecido o mercado. “O Brasil é o supermercado do mundo, e a carne brasileira entrou em promoção”, destacou Bovo, referindo-se ao aumento na demanda externa e à escassez no mercado interno, que têm elevado os preços.

Entendendo o ciclo pecuário

O ciclo pecuário é caracterizado por períodos alternados de alta e baixa na oferta e nos preços de bezerros e boi gordo. Esse comportamento reflete a relação entre a produção, a demanda e o tempo necessário para a reprodução do gado. Os ciclos duram, em média, de 6 a 8 anos, e incluem fases de expansão, redução e recuperação.

Atualmente, estamos em uma fase de recuperação, com a oferta de bezerros diminuindo após anos de expansão. Conforme explica Leandro Bovo, o fechamento da “fábrica de bezerros” deve sustentar os preços em 2025, marcando a intensificação do ciclo de alta. A alta atual é reflexo do equilíbrio natural do mercado, após um período de oferta elevada e preços mais baixos.

A visão do invernista sobre as margens com bezerro acima dos R$ 400/@

Rodrigo Albuquerque, do Notícias do Front, destaca que a valorização do bezerro não comprometeu as margens dos invernistas. Com o valor de faturamento do boi gordo em torno de R$ 4.627,98 para um animal de 21 arrobas, a margem líquida da reposição atingiu o maior patamar nominal da história.

“Hoje, é possível encontrar negócios de bezerros entre R$ 13,50 e R$ 15,00 por quilo vivo, reflexo direto do aquecimento do mercado”, explicou Albuquerque. Ele reforça a importância do planejamento estratégico para os invernistas, que precisam ajustar suas compras de reposição ao ritmo do mercado do boi gordo.

Perspectivas para 2025

O ciclo de alta na pecuária deve continuar em 2025, com exportações recordes sustentando a demanda e a oferta limitada de bezerros mantendo os preços elevados. O planejamento financeiro dos pecuaristas será essencial para alinhar os custos de reposição às expectativas de alta no boi gordo, garantindo margens positivas.

A alta do bezerro acima de R$ 400/@ marca um momento histórico no mercado de reposição e reforça a capacidade do setor de se adaptar às novas dinâmicas de mercado. Com demanda externa aquecida e preços favoráveis, o sucesso dos produtores dependerá de sua habilidade em navegar pelas nuances do ágio e do ciclo pecuário.

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