Boi decolou com valor de 232/@ virando nova referência; viés de alta continua

O mercado de boi gordo apresentou preços firmes durante a última semana, com ligeiras altas em algumas praças, conforme anunciado pelas consultorias que acompanham o mercado pecuário pelo país. Apesar da menor presença dos compradores e pecuaristas nas “mesas de negociação”, o valores do animal terminado devem continuar com tendência de alta, apoiado principalmente nas escalas de abate mais curtas e demanda em alta.

A demanda por carne bovina, tanto no mercado interno quanto externo, segue aquecida, impulsionada pela melhora nos indicadores de consumo e pelo ritmo forte das exportações, segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado.

O destaque da semana foi a valorização das cotações na região Norte, onde os frigoríficos operam com escalas de abate mais enxutas. Nas demais regiões, os preços permaneceram praticamente inalterados.

Nos últimos dias desta semana, o mercado físico do boi gordo apresentou preços estáveis na maioria das praças brasileiras. “O volume de boiadas gordas negociadas foi apenas suficiente para manter as programações de abate, que continuaram atendendo nove abates na média nacional”, afirmam os analistas da Agrifatto.

A consultoria alerta para riscos de encurtamento nas escalas de abate a curto prazo, devido à menor disponibilidade de lotes de fêmeas gordas. “Já é possível observar um encolhimento na oferta de vacas e novilhas”, reforçam os analistas. Ainda assim, a Agrifatto espera que “os preços do animal terminado permaneçam firmes e com tendência de alta – pelo menos até a segunda metade de agosto de 2024”.

De acordo com a Scot Consultoria, o mercado segue lateralizado com escalas de abate variando entre 8 e 12 dias. Alguns frigoríficos, no entanto, optaram por não comprar. Atualmente, o boi gordo está sendo comercializado a R$227,00/@, a vaca a R$202,00/@ e a novilha a R$215,00/@. A cotação do “boi China” está em R$230,00/@, com um ágio de R$3,00/@. Todos os preços são brutos e com prazo.

Para o Cepea, o Indicador do Boi Gordo, fechou a semana cotado em um dos maiores valores dos últimos meses, ultrapassando o valor de R$ 232,00/@ na média. Esse cenário aponta maior otimismo dos pecuaristas quanto ao preço do animal para abate e, também, confirma o que vem sendo observado pelas consultorias pecuárias. Veja o gráfico abaixo.

No mercado futuro, os contratos do boi gordo fecharam o pregão de quinta-feira (18/7) com oscilações mistas. O papel com vencimento em dezembro/24 foi precificado a R$ 245,85/@, com recuo de 0,24% em relação ao dia anterior. Por sua vez, o contrato com vencimento em julho/24 encerrou o pregão cotado a R$ 230,70/@, com leve valorização de 0,02% no mesmo comparativo.

O cenário de valorização da arroba no mercado do boi gordo e um menor custo de produção, comparado ao ano anterior, Iglesias aponta para a possibilidade de um recorde no confinamento de bovinos, devido às boas condições de rentabilidade oferecidas pelo mercado.

Neste contexto, segundo dados da Agrifatto, a média nacional de escalas das indústrias fechou a sexta-feira (19/7) em 9 dias úteis, apresentando estabilidade frente ao quadro apresentando na semana anterior:

  • Tocantins – O único Estado que indicou recuo nas suas programações de abate: de 1 dia útil na comparação com a semana anterior, encerrando o período com 8 dias úteis – o menor patamar observado desde 22/04/24.
  • Rondônia – Registrou acréscimo de 1 dia útil sobre o quadro da sexta-feira anterior, com programações de abate ficando em 13 dias úteis.
  • Paraná – Apresentou um acréscimo de 1 dia útil em relação ao perfil de abates da semana anterior, com as escalas chegando em 8 dias úteis.
  • Goiás – Também registrou incremento de 1 dia útil em comparação ao quadro registrado na sexta-feira anterior, resultando em 8 dias úteis de escalas de abate.
  • Pará – As escalas avançaram 1 dia útil, encerrando o período com 9 dias úteis.
  • SP/MS/MG – Os Estados apresentaram estabilidade entre as semanas, com suas programações atendendo 10, 8, 9 e 9 dias úteis, respectivamente.

Atacado e exportações

No mercado atacadista, os preços se acomodaram, com menor espaço para altas na segunda quinzena do mês, período de menor apelo ao consumo. O quarto traseiro do boi permaneceu em R$ 17,50 por quilo, e o quarto dianteiro em R$ 14,00.

As exportações de carne bovina (fresca, congelada ou refrigerada) renderam US$ 483,8 milhões em julho (10 dias úteis), com média diária de US$ 48,3 milhões. O volume exportado atingiu 109,6 mil toneladas, com preço médio da tonelada em US$ 4.415,00. Em relação a julho de 2023, houve aumento de 33,3% no valor médio diário da exportação e de 43% no volume.

Alerta na cadeia das carnes

O zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot, recomenda ficar atento aos efeitos do novo caso de Newcastle no Rio Grande do Sul, que pode afetar o mercado de frango e, por tabela, o setor de bovinocultura de corte. “O segmento de frango poderá sofrer embargos à exportação em curto prazo e afetar a disponibilidade e concorrência entre as carnes no mercado doméstico – influenciando o mercado do boi gordo”, ressalta Fabbri.

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