O mercado do boi gordo continua em alta, com os preços se mantendo elevados devido à oferta restrita e à demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto nas exportações. Para as consultorias que acompanham o mercado diariamente, nas últimas semanas, o mercado físico vem se deparando com um movimento de intensa pressão altista nos valores da arroba. Por um lado, o pecuarista comemora e aproveita para garantir melhores margens nas negociações. Por outro, os frigoríficos tentam frear esse movimento, mas sem sucesso.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, essa tendência deve persistir no curto prazo, já que as escalas de abate seguem apertadas, atingindo um dos pontos mais críticos desta temporada. “Os fatores de demanda ainda são relevantes para a formação de preço, considerando exportações que caminham para um recorde histórico, além de melhora dos indicadores de consumo no mercado doméstico”, assinalou Iglesias.
Para a Scot Consultoria, após as altas observadas no início desta semana, o mercado abriu estável nesta sexta-feira (20/9). A tendência de estabilidade deve se manter nos próximos dias, porém, novas altas não estão descartadas.
O boi-Cinha, animal jovem abatido com até 30 meses de idade e que tem o mercado externo como destino, segue sendo uma das categorias mais valorizadas nesse momento, justificado pela grande força das exportações. Diante disso, o valor de referência para a categoria na praça paulista é de R$ 265,00/@, porém valores de até R$ 5/@ a mais são vistos em algumas negociações pontuais.
Preço médio da arroba do boi do gordo pelas principais praças pecuárias do país
- São Paulo: R$ 265,00/@
- Goiás: R$ 255,00/@
- Minas Gerais: R$ 254,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 269,00/@
- Mato Grosso: R$ 232,00/@
Exportações recordes e uma leve recuperação no consumo doméstico têm sido os principais fatores para a sustentação dos preços, conforme apontado por especialistas. No mercado atacadista, os valores permanecem firmes, mas espera-se menos espaço para reajustes na segunda metade do mês, uma vez que o consumo tende a desacelerar. Isso reflete uma perda de competitividade da carne bovina em comparação com proteínas mais baratas, como a carne de frango.
Atualmente, o quarto traseiro da carne bovina está sendo cotado a R$ 19,50 por quilo, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha seguem em R$ 15,15 e R$ 15,00 por quilo, respectivamente. Mesmo com os valores firmes, o mercado se encontra em uma situação de incerteza, especialmente no que diz respeito à demanda externa.
Outro fator relevante no cenário é o câmbio. O dólar comercial encerrou a última sessão em queda de 0,68%, sendo cotado a R$ 5,4232 para venda. Esse movimento do câmbio impacta diretamente nas exportações, principalmente com a China, que, apesar de ser o maior importador de carne bovina brasileira, reduziu o ritmo de compras por conta das celebrações do Festival do Meio Outono.
“Os importadores chineses se mantiveram mais calmos nas negociações, aguardando o resultado das vendas pós-feriados para assim voltar as compras”, observa a Agrifatto. Esse período de festividades tem levado os importadores chineses a aguardar o desempenho pós-feriado antes de retomarem as negociações. Assim, o valor do dianteiro brasileiro com destino ao mercado chinês manteve-se estável, cotado a US$ 4.600 por tonelada.
Já no mercado futuro, os contratos negociados na B3 seguem otimistas. O vencimento de setembro/24 foi negociado a R$ 258,60/@, enquanto o contrato de outubro/24 avançou para R$ 265,25/@. Em novembro, o valor está próximo de R$ 270/@, e dezembro já superou esse patamar, com ajustes em R$ 271,10/@, destacou a Agrifatto.
Mesmo com a demanda em alta, a oferta de boiadas gordas, especialmente de vacas e novilhas, tem se mostrado cada vez mais limitada. As escalas de abate nos frigoríficos atualmente cobrem apenas sete dias úteis, o que reforça a expectativa de manutenção dos preços elevados no curto prazo.