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Boi gordo bate recorde de R$ 350/@ e escalas de abate enfrentam pior cenário do ano

No cenário do agronegócio brasileiro, o mercado do boi gordo se destaca ao registrar um novo recorde: a arroba está sendo negociada a até R$ 350,00 em São Paulo. Essa valorização representa uma alta importante para o setor, especialmente considerando as condições desafiadoras enfrentadas pelas indústrias frigoríficas para manter as escalas de abate. O impacto dessa alta e as dificuldades do setor industrial indicam uma fase de grande movimentação no mercado da carne bovina.

Recorde de preço e contexto atual do boi gordo

A arroba do boi gordo atingiu a marca de R$ 350 em negociações a prazo no estado de São Paulo, o maior valor registrado nesta temporada. Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, explica que esse aumento reflete uma demanda crescente, especialmente por parte das indústrias exportadoras, que estão com dificuldades em prolongar as escalas de abate além de quatro a cinco dias úteis.

“As indústrias não conseguem melhorar a posição de suas escalas de abate, o que obriga o setor frigorífico, em especial o exportador, a adotar um comportamento mais agressivo na compra de gado”, pontua Iglesias.

Fatores impulsionadores: demanda externa e câmbio

O mercado externo tem sido um dos principais propulsores para essa alta nos preços. Segundo Iglesias, o aumento no volume de carne embarcada e o processo de desvalorização cambial tornam as exportações mais atrativas, levando as empresas a intensificarem as compras de boi gordo no mercado interno.

Além disso, o valor da arroba segue estável em outros estados, com os preços médios reportados pela Safras & Mercado variando de acordo com a localidade:

  • São Paulo: R$ 340,00/@
  • Goiás: R$ 332,00/@
  • Minas Gerais: R$ 330,00/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 326,00/@
  • Mato Grosso: R$ 315,00/@

Pressão de preços e impacto no mercado atacadista

No mercado atacadista, os preços da carne bovina permanecem firmes, com uma expectativa de alta no curto prazo, especialmente devido ao aumento na demanda durante a primeira quinzena do mês. O quarto dianteiro, por exemplo, está sendo comercializado a R$ 19,50 por quilo, o quarto traseiro a R$ 24,00 e a ponta de agulha a R$ 18,20 por quilo.

“Com o poder de compra da população brasileira em queda, a carne de frango tende a ganhar competitividade ao longo da temporada”, destaca Iglesias, indicando uma possível migração de consumo no setor alimentício.

Câmbio e impacto econômico na arroba do boi gordo

A variação cambial também influencia o cenário de exportação e competitividade do boi gordo. O dólar encerrou a última sessão em alta de 0,33%, cotado a R$ 5,79, o que impacta diretamente nos preços das exportações brasileiras, mantendo o setor agropecuário voltado ao mercado externo.

regras para rotulagem da carne bovina
Foto Divulgação

Perspectivas e desafios futuros

Os analistas da Agrifatto indicam que a pressão sobre os preços pode recuar, mas o mercado ainda apresenta instabilidade. Nesta quarta-feira (13/11), o valor da arroba em São Paulo permaneceu estável em R$ 340, tanto para o gado comum quanto para o tipo destinado à exportação. Esse cenário de oscilação nos preços reflete o ajuste das indústrias para manter o abastecimento no varejo, onde as vendas têm sido satisfatórias nos primeiros dias da semana.

“As atividades de distribuição no atacado foram fortes no início da semana, mas, nesta quarta-feira, o mercado ficou mais acomodado”, observa a Agrifatto.

Com a proximidade dos feriados de novembro, as negociações semanais estão sendo organizadas para antecipar as transações. A expectativa é de que o volume de carne disponível diminua significativamente, com impactos na distribuição a partir de segunda-feira, dia 18, em um período tradicionalmente de menor consumo.

Recordes no mercado interno e análise do Cepea

A carcaça casada bovina bateu recordes diários desde o início de novembro, com o preço ultrapassando R$ 22 por quilo. O Cepea atribui essa alta à demanda aquecida e à queda do desemprego, além da preparação para as festas de fim de ano, período que aumenta a procura no varejo. Esses fatores refletem diretamente no preço da arroba e nas dificuldades das indústrias em manter escalas longas para os abates.

O mercado do boi gordo segue com perspectiva de alta, exigindo uma postura estratégica por parte dos produtores e indústrias para atender tanto à demanda interna quanto externa. Com o ambiente econômico instável, a oscilação cambial e o consumo doméstico ainda baixo, o setor se prepara para fechar o ano com recordes históricos e novos desafios.

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