Boi gordo fecha semana valendo R$ 320/@ com exportação dando suporte

O mercado físico do boi gordo encerrou a semana em tom de estabilidade, mas com sinais claros de pressão sobre os pecuaristas. Enquanto os frigoríficos operam com escalas de abate confortáveis, estendidas até o fim de setembro, as exportações de carne bovina seguem sendo o principal fator de sustentação das cotações, evitando quedas mais acentuadas nos preços pagos ao produtor .

Analistas de mercado destacam que o cenário combina forças opostas: de um lado, a baixa liquidez interna, com consumo retraído e supermercados cautelosos nas reposições; do outro, a forte demanda internacional, sobretudo da China, que absorve grande parte da produção brasileira e mantém os preços em patamares próximos aos atuais .

Cotações regionais do boi gordo

De acordo com levantamento da Safras & Mercado, a arroba fechou a semana com médias que refletem a diversidade entre os estados. No Mato Grosso do Sul, o boi gordo atingiu R$ 320,34/@, sendo a praça de maior valor registrado. Em contrapartida, estados como Minas Gerais (R$ 287,65/@) e Goiás (R$ 289,29/@) mantiveram preços mais baixos. Já em São Paulo, referência nacional, a média foi de R$ 302,75/@ .

Na praça paulista, segundo dados da Scot Consultoria, o chamado “boi-China” chegou a recuar R$ 2/@, sendo negociado a R$ 310/@, ainda com ágio sobre o animal comum, cotado a R$ 307/@ .

Escalas de abate e consumo interno

Um dos pontos que explicam a pressão sobre os preços é o fato de os frigoríficos operarem com folga. As escalas de abate, em média, giram em 11 dias úteis, sustentadas por contratos a termo e oferta vinda de confinamentos próprios. Esse cenário amplia o poder de barganha da indústria, que impõe limites aos valores pagos no mercado spot .

No consumo interno, a situação permanece desaquecida. A consultoria Agrifatto aponta que a demanda doméstica por carne bovina segue enfraquecida, sem sinais de recuperação significativa, a não ser em datas de maior movimento, como fins de semana. No atacado, os preços da carne com osso andam de lado, enquanto o varejo adota postura cautelosa, atrasando pedidos e reduzindo o escoamento .

Exportações como pilar de sustentação dos preços do boi gordo

Apesar das dificuldades internas, as exportações de carne bovina seguem em patamares expressivos ao longo de 2025, impedindo que a arroba registre quedas mais bruscas. Esse fluxo internacional é considerado o “alicerce” do mercado neste momento, equilibrando a pressão dos frigoríficos e o baixo consumo doméstico .

Contudo, a queda recente do dólar frente ao real reduziu as margens dos exportadores, o que pode influenciar o ritmo de compras externas nos próximos meses .

Atacado e dólar

No mercado atacadista, os preços permaneceram estáveis: quarto traseiro a R$ 24,10/kg, dianteiro a R$ 18/kg e ponta de agulha em R$ 17,10/kg . Já no câmbio, o dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,3190, em leve alta de 0,32%, oscilando entre R$ 5,26 e R$ 5,31 ao longo do dia .

Essa movimentação cambial é crucial, pois afeta diretamente a competitividade da carne brasileira no exterior, podendo alterar a dinâmica de preços da arroba no curto prazo.

Expectativa

O fechamento da semana com a arroba próxima a R$ 320 em algumas praças mostra que, apesar da pressão industrial e do consumo interno fraco, as exportações seguem garantindo suporte aos preços. A combinação entre escalas cheias, câmbio volátil e demanda externa forte deve continuar ditando os rumos do mercado do boi gordo nas próximas semanas.

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