O indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ fechou esta sexta-feira, 27 de junho de 2025, em R$ 317,40/@, com alta diária de 0,52% e acumulando valorização mensal de 3,69%. Trata-se de um dos maiores patamares do mês, voltando a se aproximar dos picos registrados no início de junho, em um movimento que anima parte do mercado pecuário a apostar em novas máximas com a virada do mês.
As informações são do CEPEA, e corroboradas por análises de consultorias como Safras & Mercado, Scot Consultoria e Agrifatto, que identificam movimentos distintos entre oferta, demanda e perspectivas para julho.
Oferta maior pressiona mercado, mas exportações sustentam preços
Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o avanço da oferta de animais terminados nesta reta final de junho — impulsionado pelo regime intensivo e contratos a termo — motivou frigoríficos a testar preços do boi gordo mais baixos em diversas praças pecuárias. “A expectativa de boa disponibilidade de animais terminados durante julho mantém as escalas de abate confortáveis”, explica o analista.
Esse movimento de oferta reforçada é atribuído, em parte, à chegada de uma frente fria nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que forçou o abate de animais prontos em várias regiões. De acordo com a Agrifatto, cinco das 17 praças monitoradas registraram queda nas cotações da arroba, incluindo São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina.
“Alguns frigoríficos estão fora das compras e vão aguardar os resultados das vendas deste fim de semana para prosseguirem com os negócios”, informou a Scot em boletim diário.
Contudo, as exportações de carne bovina seguem em ritmo forte, e são vistas como principal fator de sustentação da demanda, com crescimento tanto em volume exportado quanto em receita. Até a terceira semana de junho, o Brasil já havia exportado 168,8 mil toneladas de carne in natura, com embarques diários 25,3% superiores aos de junho de 2024. O preço médio da tonelada exportada também bateu recorde do último ano, chegando a US$ 5.400.
“As exportações em bom nível são o grande elemento de demanda a ser considerado, com resultados expressivos em volume e receita”, pontua o consultor Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado
Mercado interno lento e consumo travado
Do lado do consumo doméstico, o cenário é mais desafiador. Conforme análises da Scot Consultoria, há sinais de enfraquecimento nas vendas de carne bovina no mercado interno, reflexo do esgotamento do salário mensal e da limitação do poder de compra da população.
“O consumo está voltado para proteínas mais acessíveis, como frango, ovos e embutidos, especialmente entre famílias com renda de um a dois salários mínimos”, explica Iglesias.
Perspectivas para julho: mais exportação e possível reação no consumo
Com a virada do mês, analistas preveem que o escoamento da carne bovina no mercado interno tende a melhorar, especialmente com a entrada do novo ciclo salarial. Além disso, a tendência de valorização do dólar, aliada à instabilidade geopolítica global, pode favorecer ainda mais as exportações brasileiras, elevando a competitividade no cenário internacional.
Apesar do movimento de baixa nos contratos futuros do boi gordo — o papel com vencimento em outubro caiu para R$ 334,75/@ na B3 — o mercado físico mostra resiliência. “Mesmo com maior oferta, o viés de baixa mostra pouca força”, reforça Felipe Fabbri, da Scot Consultoria.
Resumo das cotações do boi gordo do dia 27/06/2025
- Indicador CEPEA/ESALQ: R$ 317,40/@ (+0,52% no dia | +3,69% no mês)
- Cotação em dólar: US$ 57,86/@
- São Paulo: R$ 317,33 (média física)
- Mato Grosso do Sul: R$ 315
- Mato Grosso: R$ 322,70
- Minas Gerais: R$ 303,82
- Goiás: R$ 297,14
Com a combinação de boas exportações, possível recuperação do consumo interno e a entrada de julho, o mercado do boi gordo pode caminhar para novos recordes, especialmente se a oferta se acomodar e o câmbio colaborar. A virada do mês, portanto, será decisiva para entender se a arroba romperá os atuais patamares ou cederá frente à pressão do volume ofertado.