O mercado físico do boi gordo voltou a se deparar com preços mais altos durante a quinta-feira (26), apontaram as principais consultorias que acompanham as praças pecuárias pelo país. Ainda segundo as consultorias, os valores pagos pelos animais prontos para abate registram novas altas, consecutivamente, em um movimento impulsionado por entressafra e exportações aquecidas.
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, o cenário atual indica que a tendência de alta nos preços da arroba do boi gordo deve se manter no curto prazo. Apesar das sucessivas elevações, as indústrias enfrentam grandes desafios para organizar as escalas de abate, que estão no ponto mais crítico da temporada.
Além disso, o forte aquecimento da demanda, tanto nas exportações quanto no mercado interno, contribui para o fortalecimento desse movimento, com as exportações rumando para atingir um recorde histórico e o consumo doméstico apresentando sinais de crescimento.
Os frigoríficos de São Paulo começaram a quinta-feira, 26 de setembro, com reajustes no preço do boi gordo “comum”, destinado ao mercado interno. A arroba agora está sendo negociada a R$ 265, um acréscimo de R$ 3,00, segundo informações da Scot Consultoria. Já o “boi-China”, abatido mais jovem e com até 30 meses de idade, segue valorizado, sendo comercializado a R$ 270/@, um prêmio de R$ 5,00 em relação ao boi comum.
Diferenças regionais nos preços
Em São Paulo, o “boi comum” está sendo vendido a R$ 265/@, enquanto o “boi-China” alcança R$ 270/@, com a vaca cotada a R$ 240/@ e a novilha a R$ 250/@. Já em Mato Grosso do Sul, a arroba do “boi comum” e do “boi-China” está em R$ 270, com a vaca cotada a R$ 245/@ e a novilha a R$ 250/@.
Preços da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país
- São Paulo: R$ 275 à vista ou até mesmo em até R$ 280 a prazo
- Minas Gerais: R$ 270 a prazo
- Goiás: R$ 260 a prazo
- Mato Grosso do Sul: R$ 270 a prazo
- Mato Grosso: R$ 235 a prazo
Oferta reduzida e entressafra pressionam preços do boi gordo
O cenário de oferta limitada de boiadas gordas, típico da entressafra, está dificultando a composição das escalas de abate nas indústrias brasileiras. A Agrifatto destacou que essa escassez, associada à forte demanda tanto no mercado doméstico quanto nas exportações, tem sido um dos principais fatores por trás da valorização da arroba em várias regiões do país.
Exportações impulsionam alta da arroba
Além do mercado interno, o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina in natura tem sido um fator crucial para a alta dos preços. Até a terceira semana de setembro, o Brasil exportou 185,5 mil toneladas, com uma média diária de 12,4 mil toneladas, um avanço de 26,8% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Para este mês de setembro, a Agrifatto projeta embarques totais de 240 mil toneladas de proteína in natura, o que representaria um novo recorde histórico para o período mensal, superando o recorde de julho/24, quando as exportações atingiram 237,27 mil toneladas.
Cautela no mercado chinês
Apesar das exportações em alta, os importadores chineses se mantêm cautelosos, conforme informa a Agrifatto. O preço do dianteiro bovino brasileiro, que vinha subindo, estabilizou em US$ 4.600/tonelada após alcançar US$ 4.725 na primeira semana de setembro, o maior valor desde dezembro de 2023. No entanto, a desvalorização do real frente ao dólar favoreceu as exportações, levando o preço do dianteiro desossado vendido à China a atingir R$ 26,74/kg, o maior valor desde abril deste ano.
Mercado futuro em alta
No mercado futuro, a valorização também é notável. O contrato com vencimento em novembro de 2024 fechou a R$ 278,90/@, registrando uma alta de 2,33% em comparação ao dia anterior. Esse foi o valor mais alto registrado até o momento, de acordo com dados da B3.
Tendência de preços no atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se mantêm firmes, com expectativa de novas altas, acompanhando a entrada dos salários no início de outubro e a reposição de estoques entre atacado e varejo. No entanto, a carne bovina continua perdendo competitividade em relação à carne de frango. O quarto traseiro está cotado a R$ 19,90/kg, enquanto a ponta de agulha e o quarto dianteiro seguem a R$ 15,00/kg e R$ 15,15/kg, respectivamente.
Com a combinação de oferta restrita, demanda forte no mercado externo e aumentos no mercado futuro, o setor deve continuar registrando movimentos de alta no curto prazo.