Boi gordo sustenta os R$ 326/@ em importante praça, mas viés de queda vai do físico ao futuro

O mercado do boi gordo inicia a semana em clima de tensão. Embora algumas praças ainda consigam sustentar negócios ao redor de R$ 325/@, especialmente nos animais padrão exportação, o movimento geral é de pressão baixista, visível tanto no físico quanto nos contratos futuros. Fontes do setor apontam que o ambiente permanece sensível a qualquer rumor envolvendo as negociações com a China, o que aumenta a volatilidade e dificulta projeções de curto prazo.

Nos bastidores, analistas destacam que as indústrias atuam de maneira cautelosa, tentando testar preços menores à medida que as escalas de abate permanecem curtas e o mercado trabalha entre a boa demanda doméstica — impulsionada pelo 13º salário — e o risco de possíveis medidas de salvaguarda por parte dos chineses. Do outro lado, os pecuaristas seguem otimistas com virada nos preços e nova guinada nas cotações para as próximas semanas.

Suporte ainda existe, mas sinais de fraqueza se espalham no mercado do boi gordo

Segundo análise da Safras & Mercado, o mercado físico abriu com tentativas esporádicas de compra em patamares mais baixos, reflexo direto do ambiente turbulento e das especulações sobre a relação comercial com a China. Ainda assim, a demanda interna segue aquecida, impulsionada pelo aumento do consumo típico de fim de ano.

Preços médios levantados pela Safras & Mercado:

  • São Paulo: R$ 326,33
  • Goiás: R$ 320,32
  • Minas Gerais: R$ 318,82
  • Mato Grosso do Sul: R$ 319,20
  • Mato Grosso: R$ 307,00

Já o levantamento da Agrifatto, publicado pelo ontem, mostra que a média nacional permanece em R$ 306,10/@, estável pelo segundo dia consecutivo, resultado da combinação entre forte demanda externa e redução da oferta de animais, marcada pelas escalas mais curtas.

Em São Paulo, a Scot Consultoria aponta:

  • Boi gordo comum: R$ 320/@
  • Boi-China: R$ 325/@
  • Vaca gorda: R$ 302/@
  • Novilha: R$ 312/@

São Paulo recua, mas mantém o preços mais atrativos

Segundo o Indicador Datagro, referência oficial na B3, a arroba em São Paulo caiu 0,5% nesta segunda-feira (17), passando de R$ 322,02 para R$ 320,27. Apesar da queda, o estado continua sustentando o patamar dos R$ 320/@ mesmo com maior resistência da indústria.

Cotações nos principais estados, segundo a Datagro:

  • São Paulo: R$ 320,27
  • Bahia: R$ 311,16
  • Goiás: R$ 316,51
  • Minas Gerais: R$ 311,32
  • Mato Grosso do Sul: R$ 318,87
  • Mato Grosso: R$ 308,28
  • Pará: R$ 305,65
  • Roraima: R$ 278,78
  • Tocantins: R$ 302,85

Atacado sem reação fortalece pressão das indústrias

Os preços no atacado seguem acomodados, favorecendo a pressão das indústrias sobre o boi gordo.

Valores médios (Safras & Mercado):

  • Traseiro: R$ 26,00/kg
  • Dianteiro: R$ 19,50/kg
  • Ponta de agulha: R$ 19,00/kg

Pelos dados da Agrifatto, a carcaça casada subiu levemente para R$ 21,86/kg, e todos os cortes bovinos acompanharam esse movimento de alta, mas ainda sem força suficiente para sustentar preços maiores no boi vivo.

Mercado futuro: clima negativo domina a B3

A B3 consolidou uma semana de queda generalizada nos contratos futuros, refletindo o cenário de incerteza e maior aversão ao risco no setor.

  • Novembro/25: R$ 319,35 (-0,45%)
  • Dezembro/25: R$ 320,35 (-1,13%)
  • Janeiro/26: R$ 324,90 (-1,40%)
  • Fevereiro/26: R$ 326,65 (-1,02%)

Analistas da Agrifatto avaliam que o mercado futuro segue extremamente volátil, sensível a rumores e sem previsibilidade enquanto não houver definição por parte do governo chinês.

China no centro das atenções

A possibilidade de adoção de medidas de salvaguarda, como cotas ou tarifas, pela China mantém todo o mercado apreensivo. A decisão pode sair ainda neste mês e teria impacto direto sobre o fluxo de exportações brasileiras e, consequentemente, sobre a formação de preços da arroba.

Resumo: mercado do boi gordo sustentado, mas com tendência clara de baixa

  1. Praças estratégicas ainda seguram os R$ 325/@, especialmente para o boi-China.
  2. A pressão baixista é predominante, atingindo físico e futuros.
  3. A decisão chinesa deve definir os rumos do mercado, podendo tanto acomodar quanto intensificar os ajustes negativos.

O cenário exige cautela do pecuarista, que deve acompanhar as escalas, avaliar trava de preços e monitorar atentamente o movimento internacional nas próximas semanas.

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